Wellington Dias, que será ministro do Desenvolvimento Social no próximo governo, afirmou, nesta segunda-feira, 26, que haverá realmente um pente-fino no cadastro do Bolsa Família.
O programa, que foi chamado pelo governo Bolsonaro de Auxílio Brasil, é pensado para dar auxílio às famílias de baixa renda no país, através de saques mensais de R$ 600.
O problema, segundo Dias, é que existem indícios de fraude no cadastro dos beneficiários: “Nós temos um cadastro muito grande, com cerca de 90 milhões de pessoas. Tem coisas estranhas, cresceu muito o número de famílias unipessoais, aquelas formadas por uma só pessoa”, disse o futuro ministro.
Além disso, Dias também falou que muitas famílias que realmente precisam receber o benefício ainda não foram contempladas. De acordo com ele, o objetivo principal do pente-fino é manter o benefício válido, mas com um acompanhamento mais criterioso.
Pente-fino no Bolsa Família
Para receber o benefício, os cidadãos precisam ter um cadastro atualizado no CadÚnico, banco de dados do governo federal. De acordo com Dias, existem 13,9 milhões de inscrições configuradas como arranjos unipessoais no programa, que está com apenas 60% dos dados atualizados.
Outro ponto abordado pelo futuro ministro tem relação com a fila de espera de indivíduos que precisam receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC), voltado a pessoas com deficiência e idosos em vulnerabilidade social.
Atualmente, existem mais de 580 mil pessoas esperando a inscrição no BPC — o tempo médio para a liberação do benefício aumentou muito também: antes, era de 78 dias, e agora é de 311 dias.
Regras do pente-fino
Dias afirmou que o futuro governo deverá usar dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): “isso vai ajudar a garantir eficiência na análise dessa base de dados, sempre com muita responsabilidade e cuidado”, acrescentou.
“Assumindo o mandato, nós teremos equipes de diferentes áreas, integradas com os estados e municípios, e vamos trabalhar para não deixar ninguém para trás, como prometeu o presidente. Mas também para garantir que o dinheiro público não seja utilizado de forma ilegal”, explicou o ex-governador do Piauí.
O futuro responsável pela pasta lembrou, ainda, que 33 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar no Brasil, levando o país novamente ao Mapa da Fome da ONU.
A conclusão é de que o próximo governo terá uma situação delicada para administrar em relação ao Sistema Único da Assistência Social (SUAS), que teve o orçamento reduzido em 96%. De acordo com Dias, a verba de R$ 50 milhões não é suficiente para um mês de funcionamento do sistema.