Em um mundo marcado pela constante troca de informações, a capacidade de ouvir com atenção se tornou uma qualidade cada vez mais rara e valiosa.
Enquanto muitos buscam ocupar espaços por meio da fala, aqueles que priorizam a escuta demonstram um poder silencioso, porém transformador.
Essa postura, além de fortalecer relações e ampliar a compreensão, também revela uma maturidade emocional capaz de inspirar mudanças profundas. Entenda o que isso significa.
O que significa ouvir mais do que falar?

Quando se trata de entender como alguém realmente se sente, pode ser melhor ouvir mais do que falar, de acordo com a psicologia. Foto: Reprodução / Pexels
Significa praticar a escuta ativa, concentrando-se no que o outro diz para entender e compreender suas ideias e sentimentos.
Muitas pessoas estão mais preocupadas com o que vão dizer do que em realmente ouvir. Bons comunicadores, no entanto, prestam atenção genuína, captando palavras e sinais não verbais.
Isso fortalece a confiança, melhora a compreensão e cria conexões mais profundas, resultando em interações mais positivas e eficazes.
Um estudo publicado no “Social Neuroscience” demonstrou que a escuta ativa (caracterizada por empatia, respeito e congruência) ativa o sistema de recompensa no cérebro, especificamente o estriado ventral, que está ligado a sensações de prazer e satisfação.
Isso sugere que, ao praticá-la, você não apenas beneficia o interlocutor, mas também experimenta uma recompensa neural, reforçando a importância desse comportamento em interações sociais.
Outras vantagens da escuta ativa
A pesquisa ainda revelou que a escuta ativa melhora a impressão que as pessoas têm de suas próprias experiências.
Quando os participantes eram ouvidos de maneira atenta e empática, eles reavaliavam suas vivências de forma mais positiva, um processo acompanhado pela ativação da ínsula anterior direita, região ligada à reapresentação emocional.
Isso indica que ouvir com atenção genuína pode ajudar os outros a ressignificar eventos passados, promovendo bem-estar emocional e fortalecendo laços interpessoais.
Por fim, os autores ressaltaram que a escuta ativa também ativa redes de mentalização, como o córtex pré-frontal medial, que nos permite inferir os estados mentais dos outros.
A importância do equilíbrio entre ouvir e falar
Um estudo publicado no “Personality and Social Psychology Bulletin” descobriu que ouvir mais do que falar não é a melhor estratégia para causar uma boa impressão em certos contextos.
Pesquisadores da Universidade da Virgínia revelaram que, em conversas curtas e controladas, pessoas que falavam por mais da metade do tempo tendiam a ser avaliadas como mais agradáveis pelos seus interlocutores.
A pesquisa, liderada por Quinn Hirschi, envolveu estudantes universitários em diálogos de sete minutos, com tempos de fala pré-definidos por um programa de computador.
Contrariando as expectativas dos participantes, os resultados mostraram que aqueles que falavam entre 60% e 70% da conversa foram considerados mais simpáticos.
Os autores sugerem que se expressar ativamente permite que os outros conheçam melhor o falante, facilitando a conexão.
No entanto, ressaltam que as interações foram breves e roteirizadas, deixando em aberto como esses achados se aplicariam a conversas reais, mais longas e espontâneas.
Além disso, eles reforçam que o equilíbrio entre ouvir e compartilhar ideias ainda é essencial para diálogos significativos, e que a qualidade do que é dito (e não apenas a quantidade) continua sendo um fator determinante na construção e manutenção de relações.