Os pombos estão entre as aves mais numerosas e adaptáveis do mundo, com aproximadamente 350 espécies espalhadas pelo planeta.
Embora sejam frequentemente encontrados em áreas urbanas, como praças e parques, seus filhotes raramente são avistados. Mas por que isso acontece?
Basicamente, a resposta está relacionada aos ninhos dessas aves, que são construídos em locais de difícil acesso, como parapeitos de janelas de prédios altos, chaminés e telhados de igrejas. Porém, existem outras explicações:

Pombos são aves comuns em ambientes urbanos, porém avistar seus filhotes é bastante raro. Foto: Reprodução / Pexels
1. Hábitos de nidificação
Os pombos (Columba livia) possuem um instinto natural de nidificar em locais elevados e protegidos, uma herança de seus ancestrais, que habitavam penhascos rochosos.
Nas cidades, eles adaptaram esse comportamento, escolhendo telhados, beirais de prédios, torres e outras estruturas altas para construir seus ninhos.
Esses locais, além de oferecerem segurança contra predadores, também mantêm os filhotes longe do contato humano, tornando-os praticamente invisíveis no dia a dia.
Além disso, os ninhos dos pombos são simples e muitas vezes escondidos em fendas ou cantos pouco expostos, dificultando sua detecção.
2. Permanência dos filhotes no ninho
Os filhotes de pombos nascem extremamente frágeis, com pouca penugem e totalmente dependentes dos pais para sobreviver.
Eles permanecem no ninho por um período prolongado, geralmente entre 25 e 40 dias, até que estejam completamente emplumados e aptos a voar.
Durante esse tempo, são alimentados com “leite-de-pombo” ou “leite-de-papo”, uma secreção nutritiva produzida pelos pais, que garante um crescimento rápido, segundo estudos.
Essa secreção fornece antioxidantes e fortalece o sistema imunológico (muito parecido com o leite materno, embora não venha de uma glândula mamária). Tanto machos quanto fêmeas alimentam os filhotes com essa secreção durante os primeiros 10 dias de vida.
Esse cuidado intensivo mantém os filhotes abrigados e longe de perigos, reduzindo a necessidade de saírem do ninho antes do tempo.
3. Semelhança entre filhotes e adultos
Outro fator importante é o rápido crescimento dessas aves. Em cerca de quatro semanas, os filhotes já adquirem a plumagem necessária para voar e se tornam independentes.
Como esse processo é acelerado, a fase em que poderiam ser vistos fora do ninho – ainda com características juvenis – é muito curta.
Assim, quando finalmente saem, já parecem pombos adultos, fazendo com que muitas pessoas nem percebam que se tratam de indivíduos jovens.
Embora inicialmente tenham penas mais escuras e menos brilhantes, além de olhos acinzentados, essas diferenças sutis são difíceis de notar à distância.
Somente observando detalhes, como a cor da cera (a parte carnuda acima do bico), é possível distingui-los, pois nos jovens ela é acinzentada, enquanto nos adultos é branca.
Além disso, o comportamento dos pombinhos, quando deixam o ninho, já é bastante semelhante ao dos adultos, contribuindo para a impressão de que nunca vemos os filhotes.
Curiosidades sobre pombos
1. Os pombos têm um incrível senso de direção
Um estudo publicado na “Biological Sciences” revelou que os pombos-correio usam o sol como uma bússola natural, calculando sua posição e ângulo para navegar.
Além disso, pesquisas indicam que partículas de ferro em seus bicos permitem que detectem campos magnéticos da Terra, um fenômeno chamado magnetorecepção.
2. Eles lembram de rostos humanos
Um estudo realizado em Paris mostrou que os pombos distinguem pessoas com base em suas características faciais, mesmo quando elas trocam de roupa. Duas pesquisadoras interagiram com os pássaros — uma de forma hostil e outra neutra.
No dia seguinte, os pombos evitaram apenas a pesquisadora hostil, demonstrando memória e capacidade de discriminação social avançadas, algo antes atribuído apenas a animais como elefantes e golfinhos.
3. Os pombos podem diferenciar obras de arte
Pesquisas conduzidas por Shigeru Watanabe comprovaram que pombos são capazes de distinguir pinturas de Monet e Picasso, mostrando uma habilidade cognitiva surpreendente para um cérebro do tamanho da ponta de um dedo.
4. Eles conseguem detectar câncer em exames médicos
Um estudo publicado em 2015 revelou que pombos treinados conseguiram identificar tecido cancerígeno em lâminas de biópsia com 85% de precisão inicial, chegando a 99% quando trabalhavam em grupo.
5. Pombos foram essenciais em guerras
Historiadores afirmam que pombos-correio salvaram milhares de vidas durante as guerras mundiais, entregando mensagens importantes sob fogo inimigo.
A Medalha Dickin — concedida a animais por bravura — foi entregue a 32 pombos, incluindo a famosa Winkie, que resgatou uma tripulação perdida no mar.
Sua eficiência como mensageiros foi tão vital que até hoje são estudados em contextos militares e de comunicação.