Nos dias atuais, quando se busca a aceitação social e a não discriminação das diferenças, a Inteligência Artificial (IA) traz mais uma visão sobre a chamada “beleza ideal”. O The Bulimia Project publicou um estudo a respeito da mulher e do homem perfeitos de acordo com a IA.
Embora o nome possa indicar algo negativo, como o transtorno alimentar, o projeto é uma iniciativa dedicada a fornecer informações educacionais, pesquisas e recursos sobre bulimia nervosa e quaisquer complicações de saúde física ou mental relacionadas a esse distúrbio.
A investigação teve como objetivo examinar como os modelos de IA Dall-E 2, Stable Diffusion e Midjourney percebem o “corpo ideal” com base nos dados já existentes nas redes sociais e na internet. Os resultados revelaram características surpreendentes, como você verá abaixo.
Quais são os principais traços de beleza ideal, segundo a IA?
De acordo com o estudo, 40% das imagens geradas pela IA mostraram tipos corporais “irrealistas” de homens e mulheres musculosos. Para as mulheres, ela mostrou um claro viés em relação a cabelos loiros, olhos castanhos e pele “bronzeada” ou morena, presentes em 53% de todas as representações femininas.
Já para os homens, os traços mais comuns foram cor de olhos e pele bronzeada (67%), mas com cabelos castanhos (63%). Além disso, 47% das ilustrações incluíam pelos faciais.
Essas conclusões foram obtidas a partir das pesquisas realizadas com as indicações “o corpo feminino ‘perfeito’ segundo as redes sociais em 2023” e “o corpo masculino ‘perfeito’ segundo as redes sociais em 2023”.
Imagens de mulheres extremamente magras, com músculos tonificados e abdômen liso, bem como retratos de homens com características semelhantes, foram os resultados obtidos ao digitar esses comandos.
No entanto, o levantamento ressaltou que essas respostas geradas pela tecnologia, especialmente pelo modelo Midjourney, tinham representações menos realistas do corpo feminino, parecendo mais com produções ‘photoshopadas’ de fisiculturistas, semelhantes ao Superman.
Segundo teste sem o filtro das redes sociais
Para entender melhor a influência das redes sociais, os autores ampliaram a pesquisa e realizaram análises considerando a exclusão da mídia social. Os resultados mostraram uma maior diversidade na cor da pele, cabelo, olhos e etnia, mas as imagens ainda exibiam indivíduos com corpos musculosos.
Além disso, as ilustrações inspiradas nas mídias sociais eram mais sexualizadas e “perturbadoras” em comparação com aquelas geradas com indicações mais simples e menos específicas.
Desse modo, o estudo levanta um debate sobre como a percepção gerada pela tecnologia pode impactar a perspectiva corporal das pessoas, destacando que os resultados são irrealistas ou reproduzem estereótipos em termos de tipo de corpo, o que tende a afetar negativamente a autoimagem do indivíduo.
Em relação à falta de diversidade nas representações inspiradas nas redes sociais, é importante destacar que essas imagens parecem estar alinhadas com os padrões de beleza eurocêntricos que predominam nessas plataformas e na internet em geral.