As tradições cristãs estão repletas de ritos e simbologias que atravessam séculos, marcando a fé e os costumes de milhões de pessoas ao redor do mundo.
Uma delas é conhecida até mesmo entre outras religiões: a Semana Santa se destaca como um dos períodos mais importantes do calendário religioso, repleto de práticas que remetem à paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Nesse sentido, uma das práticas mais comuns envolve a recomendação de evitar o consumo de carne em um dia específico da Semana Santa, além de alguns dias que antecedem a Páscoa.
Mas qual seria esse dia? E qual o significado dessa tradição?
Em qual dia da Semana Santa não se deve comer carne?

A Sexta-feira Santa é a data em que a maioria dos cristãos evitam comer carne vermelha. Foto: Reprodução / Pexels
A Páscoa é uma data celebrada durante a Semana Santa. Durante esse período, os fiéis buscam seguir uma série de práticas e tradições ligadas ao catolicismo, e uma das mais conhecidas envolve a abstinência de carne.
Uma das principais datas do calendário cristão é a Sexta-feira Santa, também chamada de Sexta-feira da Paixão. Coincidentemente, esse é o dia em que não se pode consumir carne.
Essa data em específico, que, em 2025, cairá no dia 18/4, está reservada para a prática da abstinência.
Considerada milenar, ela se opõe ao consumo de carne vermelha e de frango, sendo que normalmente as pessoas substituem o consumo por peixe. O motivo é que a carne vermelha remete ao corpo de Cristo.
Além da Sexta-feira, existem também aqueles que fazem jejum na Quarta-feira de Cinzas, mas esse é um hábito menos comum.
Surgimento da tradição
A tradição de jejuar na Sexta-feira Santa possivelmente surgiu na Idade Média. O motivo é que outra tradição do catolicismo surgiu nesse período, envolvendo o jejum toda sexta-feira.
No século IX, durante o pontificado de Nicolau I, ou Nicolau o Grande, foi imposta a prática de abdicar de carne todas as sextas-feiras a todos os cristãos, desde que maiores de sete anos de idade.
Inicialmente, era comum que muitos evitassem o consumo do alimento nas quartas e sextas, mas não apenas da proteína: também dos laticínios e ovos.
Com o tempo, essa prática perdeu força, e a Igreja passou a defender a abstenção apenas na sexta-feira. Posteriormente, ela foi reduzida a uma única data, que é a Sexta-feira Santa.
De acordo com o Código de Direito Canônico, todas as sextas-feiras do ano devem ser reservadas para a abstinência de carne ou de outro alimento. O jejum, porém, pode ser substituído pela realização de uma obra de caridade.
A escritura, que é um conjunto de leis que regem a Igreja, diz que o jejum é “a forma de penitência que consiste na privação de alimentos”, enquanto a abstinência é a “escolha de uma alimentação simples e pobre”.
A Quaresma
Muito além da Sexta-feira Santa, a Quaresma é um período ainda maior que envolve o sacrifício cristão.
A festividade consiste nos 40 dias que antecedem a Páscoa e tem um significado profundo para os cristãos.
Começando na Quarta-feira de Cinzas, normalmente segue até o Domingo de Ramos, marcando um tempo de reflexão, penitência e preparação para celebrar a ressurreição de Jesus Cristo.
O número 40 tem grande simbolismo na tradição cristã. Na liturgia católica, esse foi o período de peregrinação de Jesus no deserto, quando, ao ser batizado por João Batista, jejuou, foi tentado pelo diabo três vezes e resistiu.
Desse modo, a Quaresma é o período em que a Igreja se une ao mistério de Jesus no deserto, sendo uma oportunidade de reflexão sobre a paixão e morte de Cristo.
Neste ano, a Quaresma começou na quarta-feira, 5 de março, e termina no dia 17 de abril, considerada a Quinta-feira Santa.