A Terra tem um satélite principal, que é a Lua, mas também é rodeada por uma ‘segunda Lua’, o asteroide Kamo’oalewa, também chamado de 2016 HO3.
Com cerca de 40 metros de diâmetro (aproximadamente metade do tamanho da roda-gigante London Eye), este quase-satélite, descoberto em 2016, orbita o nosso planeta há mais de um século e finalmente teve sua origem revelada, segundo um estudo recente publicado na revista Nature.
Qual a origem da ‘segunda Lua’ da Terra?
Para o novo estudo, os astrônomos utilizaram simulações para identificar quais das milhares de crateras na Lua poderiam ter sido o ponto de origem desse asteroide.
Com base na modelagem, a equipe determinou que o impactador que potencialmente criou o asteroide precisaria ter pelo menos 1 quilômetro de diâmetro para desalojar um fragmento tão grande.
Quando esse objeto colidiu com a Lua, provavelmente escavou Kamo’oalewa abaixo da superfície lunar, fazendo a rocha espacial voar e deixando uma cratera com mais de 10 a quase 20 quilômetros de diâmetro.
Assim, considerando que o asteroide tem apenas alguns milhões de anos, enquanto a Lua tem 4,5 bilhões de anos, os pesquisadores apontam a Cratera Giordano Bruno como o local provável onde ele iniciou sua jornada.
Essa cratera está localizada no lado oposto da Lua, frequentemente erroneamente chamado de “lado escuro”. No entanto, tecnicamente, esse nome não é preciso.
A Lua está travada em uma rotação síncrona com a Terra, o que significa que sempre mostra a mesma face para nós.
O lado oposto recebe luz solar regularmente, fazendo parte da dinâmica natural da iluminação do satélite.
Características do Kamo’oalewa
Kamo’oalewa apresenta características espectroscópicas que lembram os silicatos lunares modificados pelo espaço, o que sugere que ele pode ser um fragmento lançado da Lua por um impacto, e não um asteroide comum.
Com um diâmetro estimado entre 46 e 58 metros, ele chega a cerca de 14,5 milhões de quilômetros da Terra, tornando-o um asteroide potencialmente perigoso que os astrônomos monitoram e estudam caso ele se aproxime muito do nosso planeta.
Diferentemente dos asteroides típicos em nossa vizinhança espacial, a refletividade de Kamo’oalewa é semelhante aos materiais lunares.
Além disso, sua baixa velocidade orbital em relação ao nosso planeta sugere que ele pode ter vindo de uma proximidade relativa.
Por que o Kamo’oalewa é um quase-satélite da Terra?
Diferente dos satélites naturais convencionais, Kamo’oalewa é considerado um quase-satélite da Terra devido à sua órbita sincronizada com nosso planeta ao redor do Sol, parecendo ser um acompanhante constante.
Essa particularidade o torna um objeto de grande interesse científico, com pesquisadores buscando entender os processos que levam à formação e evolução de tais corpos celestes.
Além de sua origem lunar intrigante, ele é o foco da futura missão Tianwen-2 da China, marcada para o próximo ano.
Esta será a primeira missão destinada a estudar um asteroide desse porte, ampliando nosso entendimento sobre esses corpos frequentes em nosso sistema solar, mas ainda enigmáticos.
“Se a missão for bem-sucedida, serão as primeiras amostras coletadas pela China no espaço interplanetário”, afirma Zhang Rongqiao, projetista-chefe do Programa de Exploração Planetária e da missão Tianwen-2.
Ele ainda explicou que uma espaçonave voará ao redor do asteroide e depois pousará nele para coletar as amostras.
Após completar esta tarefa principal, a sonda deverá continuar a sua viagem para explorar um cometa na cintura principal, entre as órbitas de Marte e Júpiter, acrescentou.