A África é frequentemente descrita como o berço da humanidade, um título que lhe é atribuído devido às descobertas arqueológicas e paleontológicas que indicam o surgimento dos primeiros hominídeos em seu solo.
Este continente, tão rico em história e diversidade, está também no centro de um fascinante processo geológico que poderia redefinir a geografia como a conhecemos.
Então, é verdade que a África está se partindo ao meio? Continue lendo e entenda a seguir.
É verdade que a África pode se dividir em dois continentes?
O Grande Vale do Rift, uma imensa fratura geológica que se estende por milhares de quilômetros da África Oriental, é o palco onde este drama geológico se desenrola.
A atividade tectônica nesta região está lentamente dividindo o continente africano, um fenômeno que poderia eventualmente levar à formação de dois continentes separados.
Este processo é impulsionado por forças profundas dentro da Terra, onde uma “super pluma” de manto quente está causando a deformação da crosta terrestre, conforme um estudo recente publicado no Journal of Geophysical Research.
Porém, esse fenômeno vem sendo investigado desde 2004, quando pesquisas apontaram que as placas tectônicas da Somália e da Núbia estão se distanciando a uma velocidade máxima de aproximadamente 7 milímetros por ano.
As fissuras geológicas representam a fase inicial do que pode ser uma divisão continental. Se esse processo prosseguir com sucesso, poderá culminar na criação de uma nova bacia oceânica.
O Grande Vale do Rift
O Vale do Rift é uma zona geológica marcada por uma série de falhas tectônicas e atividade vulcânica.
A ruptura causada por essa divisão atravessa diversos países, estendendo-se de sul a norte do continente, passando por Moçambique, Malawi, Tanzânia, Zâmbia, Burundi, Ruanda, Uganda, a República Democrática do Congo (RDC), Quênia e Etiópia.
No local, são visíveis grandes falésias e um solo repleto de rochas vulcânicas, evidências da separação continental e do afinamento da litosfera que permite a ascensão do magma.
O vulcanismo associado a essa região é exemplificado pelas erupções do Monte Nyiragongo na RDC e pelo lago de lava do vulcão Erta-Ale na Etiópia.
A atividade sísmica frequente também é um indicativo do processo de divergência das placas tectônicas.
Separação similar à que ocorreu entre a América e a África
Um paralelo histórico pode ser traçado com o Oceano Atlântico Sul, que se formou após a separação da América do Sul e da África há cerca de 138 milhões de anos.
Conforme os mapas históricos do século XIX ilustram, a separação dessas regiões foi um processo similar ao que pode estar ocorrendo atualmente com o continente africano.
Uma vez que a litosfera na área da fenda se fragmente completamente, o magma que se encontra abaixo se solidificará, dando origem a um novo oceano no espaço gerado pela divisão das placas tectônicas.
Com efeito, prevê-se que a expansão do futuro oceano se estenderá por toda a extensão da fenda ao longo de dezenas de milhões de anos.
O resultado desse processo geológico monumental será um continente africano de dimensões reduzidas e o surgimento de uma vasta ilha no Oceano Índico, formada por partes da Etiópia e da Somália, incluindo a região conhecida como Chifre da África, segundo os estudos mencionados.