Existem algumas regras no mundo da gramática que, para aqueles que não as conhecem, podem parecer verdadeiros mistérios. Seja por conta de palavras escritas de uma forma e faladas de outra ou de termos parecidos e com grafias diferentes, tudo vale.
Um bom exemplo envolve o uso de “s” ou “z”. Nesse sentido, você já se perguntou qual seria o motivo de alguns diminutivos serem grafados com “s”, enquanto outros levam “z”? Por que o diminutivo de “casa” é “casinha”, enquanto o de “pé” é “pezinho”?
De modo que seja possível solucionar esse mistério e muitos outros, confira abaixo quais são as regras para o uso de “s” ou “z” em diminutivos.
O uso de “s” ou “z” no mundo dos diminutivos
A explicação para o problema do “sinho” e do “zinho” é relativamente simples. O sufixo “-inho”, responsável por indicar o grau de diminutivo, exige a presença do “z” em determinadas situações.
É por isso que “pé” se torna “pezinho”, “café”, “cafezinho”, “nariz”, “narizinho”, “amor”, “amorzinho”, e por aí vai. Mas e “casinha”? Por que o termo não pode ser incluído na ordem?
O processo dessa palavra é diferente dos outros exemplificados. Nesse sentido, no vocábulo primitivo “casa”, já existe um “s”, o que faz com que seja necessário acrescentar apenas o sufixo “-inho”.
Isso também pode ser visto em outras palavras com “s” no termo primitivo: “lápis” vira “lapisinho”, “japonês” vira “japonesinho” e “país” vira “paisinho”.
O surgimento do “z”
Ao estudar a estrutura das palavras, muitos podem se deparar com o fenômeno da alomorfia, que significa a mudança de forma. Quando se trata do sufixo “-zinho”, é possível considerá-lo um alomorfe de “-inho”.
Mas por que isso acontece? Basta pensar na lógica para que os termos possuam uma apresentação melhor. Muitas gramáticas costumam apresentar o “z” como uma consoante de ligação, de modo que evite dissonâncias quando é necessário juntar radicais e afixos.
Palavras sem consoantes de ligação possuem pronúncias muito mais difíceis para alguns falantes da língua. Tente ler “cafezal” sem o “z”, ou “cafeteira” sem o “t”. Os sons são importantes para facilitar o processo do uso dos termos.
A alomorfia também está presente em outros casos, como no uso do prefixo “-in), com som de “-im”, em exemplos como “infeliz” e “imbatível”. A variante “i-” só é vista antes de consoantes nasais e vibrantes, como “imoral” e “irregular”.
A acentuação de diminutivos
Outra dúvida frequente que envolve os diminutivos está relacionada à acentuação. Como é estudado por muitos, as regras dessa área dependem da tonicidade das palavras, ou seja, da sílaba que possui a pronúncia mais forte.
No caso do vocábulo “pé”, o acento está presente pelo fato da palavra ser um monossílabo tônico que termina em “e”. Com o sufixo “-inho”, o termo torna-se paroxítono terminado em “o”, ou seja, sem acento.
A partir de então, a regra do diminutivo ou do aumentativo perde a vez. O que passa a valer é se ela se encaixa ou não em uma regra de acentuação.
Para entender melhor, basta considerar um exemplo “com acento”. A palavra “pão” e seu diminutivo “pãozinho” não possui um: o til é apenas um sinal indicador de nasalidade, e não de tonicidade.
Em uma paroxítona, como é o caso de órfão, a sílaba tônica sequer coincide com a sílaba em que o til está presente, o que prova que ele não sinaliza a tonicidade.
Veja mais exemplos abaixo:
- Rádio: paroxítona terminada em ditongo crescente;
- Radiozinho: paroxítona terminada em “o”;
- Café: oxítona terminada em “e”;
- Cafezinho: paroxítona terminada em “o”;
- Só: oxítona terminada em “o”;
- Sozinho: paroxítona terminada em “o”.