Dinheiro não compra felicidade e também não é mais importante que o respeito. Essa conclusão é de um estudo publicado na revista Psychological Science, que examinou como diferentes tipos de status estão relacionados ao bem-estar.
A pesquisa liderada por Cameron Anderson, da Universidade da Califórnia em Berkeley, analisou a renda, a percepção de status e a atividade social de 80 estudantes universitários.
O estudo constatou que aqueles com maior reconhecimento relataram maior felicidade, enquanto a riqueza não teve o mesmo efeito.
Como o estudo foi realizado?
Em uma série de quatro estudos, os pesquisadores descobriram que a felicidade é mais influenciada pelo nível de respeito e admiração recebidos dos colegas do que pela riqueza ou sucesso.
Esse nível de respeito e admiração é denominado “status sociométrico”, que se diferencia do status socioeconômico (SES).
Em um dos experimentos, 80 estudantes universitários de 14 diferentes grupos avaliaram o respeito e a admiração que tinham pelos outros membros do grupo e o quanto se sentiam respeitados e admirados.
Eles também forneceram informações sobre sua renda familiar e nível de felicidade. Os resultados indicaram que indivíduos com maior status sociométrico relataram maior felicidade, enquanto o SES não mostrou relação com a felicidade.
Em outra experiência similar, mais de 300 indivíduos responderam a perguntas sobre o tratamento que recebiam de amigos, familiares e colegas de trabalho.
Também relataram seu senso de poder e aceitação nesses círculos sociais, além de sua renda e felicidade. Novamente, aqueles com maior status sociométrico tendiam a ser mais felizes do que aqueles com alto SES.
A análise dos dados revelou que a maior felicidade estava associada a um sentimento de poder e aceitação nos grupos.
Respeito gera felicidade
Os pesquisadores também exploraram se o sentimento de ser respeitado e admirado leva à felicidade ou se pessoas felizes são mais admiradas.
Em dois testes adicionais, manipularam a percepção de status dos participantes, fazendo-os se comparar com pessoas mais ou menos respeitadas e admiradas, ou mais ou menos ricas e bem-sucedidas.
Os resultados mostraram que aqueles que se sentiam com um status sociométrico mais alto eram mais felizes, independentemente de sua condição financeira fora do experimento.
Por outro lado, sentir-se economicamente bem-sucedido não aumentava a felicidade. Isso sugere que o respeito e a admiração podem realmente aumentar a felicidade, enquanto a riqueza por si só não tem o mesmo impacto.
Resultados observados
Na etapa final do estudo, os cientistas monitoraram 156 estudantes de MBA desde pouco antes da conclusão do curso até nove meses após a formatura.
Observou-se que mudanças no status sociométrico dos estudantes, como serem respeitados ou não em seus novos ambientes de trabalho, afetavam diretamente seus níveis de felicidade.
Por fim, a pesquisa constatou que variações no status sociométrico tinham uma correlação mais forte com a felicidade do que mudanças em seus rendimentos.
Segundo Cameron Anderson, a renda tem pouca influência na felicidade. Em contrapartida, a pesquisa sugere que o respeito, a admiração e a sensação de poder dentro de grupos sociais são fatores mais significativos para o bem-estar.
Anderson conclui que a felicidade não está atrelada à riqueza, mas sim ao valor que o indivíduo agrega aos seus grupos sociais, enfatizando que o engajamento, a generosidade e os sacrifícios pessoais pelo bem comum são características que definem um indivíduo de alto status em sua comunidade.