A mente humana pode até ter limites, mas existem algumas pessoas que parecem não conhecê-los, especialmente quando se trata de línguas.
Enquanto muitos lutam para dominar um segundo idioma, há pessoas capazes de se comunicar fluentemente em cinco, dez ou até mais línguas. São os chamados poliglotas, termo de origem grega para polý, que significa “numerosas”, e glossai, “línguas”.
Mas afinal, quantos idiomas alguém consegue realmente falar com fluência? Será que existe um número máximo? Ou estamos subestimando o que o cérebro humano é capaz de fazer?
Nesta matéria, vamos mergulhar no universo dos poliglotas e descobrir a verdade.
Quantas línguas um poliglota de verdade consegue falar?

Os poliglotas podem falar quatro línguas ou mais fluentemente. Foto: Reprodução / Pexels
Embora o senso comum aponte que dominar dois idiomas já é um feito considerável (e de fato é), há pessoas que vão muito além disso.
Um poliglota, por definição, é alguém que consegue se comunicar com fluência em várias línguas. Mas o número exato que define essas “várias” varia de fonte para fonte.
Em geral, considera-se que quem fala fluentemente quatro ou mais idiomas já pode ser chamado de poliglota. Mas afinal, o que é fluência? Aqui entra um ponto crucial: não basta saber algumas palavras ou frases para viajar para fora.
Ser fluente significa conseguir manter uma conversa com naturalidade, entender nuances culturais, interpretar textos mais complexos e se expressar bem em diferentes contextos. Em outras palavras, é ter uma relação ativa e funcional com o idioma.
O cérebro se acostuma
Aprender um idioma estrangeiro costuma ser o maior desafio. É quando o cérebro ainda está se adaptando à lógica de outra língua, à sonoridade diferente, à estrutura nova.
Mas a boa notícia é que, depois disso, a tendência é que os próximos idiomas se tornem progressivamente mais fáceis de assimilar.
Pesquisas indicam que, ao adquirir fluência em uma segunda língua, o cérebro cria pontes neurais que facilitam o aprendizado de uma terceira, quarta e assim por diante.
Ele tem a capacidade de se reconfigurar e ser treinado para melhorar; essa é a maravilha da neuroplasticidade, como explorado em um artigo da USP.
Isso explica por que há tantos casos de pessoas que, depois de dominar dois idiomas, passam a incorporar outros com mais naturalidade. A curva de aprendizado diminui, especialmente se as línguas pertencem a famílias semelhantes, como é o caso do espanhol, francês e italiano.
Recordes reais
Se você já se perguntou até onde uma pessoa pode chegar, nós temos a resposta.
O Guinness World Records aponta o norte-americano Gregg M. Cox como um dos maiores poliglotas reconhecidos oficialmente. Ele é capaz de ler e escrever em 64 idiomas, sendo que 14 deles são falados com fluência, além de 11 dialetos.
Ainda mais impressionante é a trajetória do brasileiro Carlos do Amaral Freire. Ao longo de sua vida, chegou a estudar cerca de 135 idiomas.
Autor do livro Babel de Poemas, em que traduz textos de 60 línguas diferentes para o português, Freire se comunicava com os membros de sua família alternando entre cinco línguas: basco, espanhol, italiano, grego e português.
Existe até um nome para os “poliglotas extremos”, que são aqueles que falam fluentemente seis ou mais idiomas: hiperpoliglotas.
Esses indivíduos chamam a atenção não apenas pela quantidade de línguas que dominam, mas pela profundidade com que mergulham em cada uma, conhecendo contextos históricos, variações regionais, expressões idiomáticas e sotaques.