Recentemente, uma tempestade solar desencadeou a ocorrência da aurora boreal em diversas regiões do globo.
Tempestades solares ou geomagnéticas são descritas como uma perturbação na magnetosfera terrestre, resultante de uma significativa transferência de energia do vento solar para o espaço ao redor da Terra.
Esse tipo de evento é relativamente raro, ocorrendo poucas vezes durante o ciclo solar de 11 anos. Veja quando esse fenômeno voltará a ocorrer a seguir.
Quando será a próxima tempestade solar?
Conforme a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), as tempestades geomagnéticas de 2024 iniciaram-se em 4 de maio e devem atingir seu ápice em 14 de junho.
A previsão é que o auge do atual ciclo solar ocorra entre novembro de 2024 e março de 2026, com uma tendência indicativa para julho de 2025, embora possa variar para meses anteriores ou posteriores.
A intensidade desses eventos é avaliada numa escala de G1 a G5, com G5 representando o nível máximo.
Neste ano, a tempestade solar alcançou o patamar G5, o que não acontecia desde outubro de 2003, quando houve falhas elétricas na Suécia e danos a transformadores na África do Sul.
Devido a essa intensidade extrema, auroras boreais foram observadas em locais mais afastados dos polos, como Estados Unidos, Canadá, China e em países europeus como Dinamarca e Alemanha.
Apesar de ser um espetáculo visualmente atraente, as tempestades geomagnéticas podem causar danos, afetando infraestruturas em órbita e na superfície terrestre, conforme alertado pela NOAA.
Como ocorre uma tempestade solar?
As tempestades solares, também conhecidas como tempestades geomagnéticas, representam distúrbios temporários na magnetosfera da Terra, que é o campo magnético que nos protege, causados por atividades solares específicas.
A magnetosfera funciona como uma camada protetora que envolve nosso planeta, defendendo-o da maioria das partículas solares. Sem ela, a vida aqui não seria possível, assim como não é em Marte.
Segundo a NASA, essa camada defensiva é constantemente bombardeada pelo vento solar, um fluxo de partículas que se desprendem do Sol, carregando cerca de um milhão de toneladas de matéria para o espaço a cada segundo.
O encontro do vento solar com a magnetosfera pode ser comparado a uma colisão. Isso faz com que o campo magnético terrestre seja comprimido e alterado, bloqueando a chegada dessas partículas à superfície.
Entretanto, em algumas ocasiões, a magnetosfera não consegue repelir todas as partículas, permitindo que algumas penetrem na atmosfera. Esse processo resulta nas belas auroras boreais e austrais.
Como esses eventos afetam a Terra?
Para que uma tempestade solar cause impactos significativos em nosso planeta, é necessário que várias condições sejam atendidas.
Primeiramente, o fluxo de partículas solares deve ser intenso e rápido, e o fenômeno solar deve estar direcionado para a Terra. Se essas condições se materializarem, começaremos a notar perturbações no nosso cotidiano.
Isso pode interferir nas comunicações, causar falhas nos sistemas de localização, complicar a transmissão de sinais e, o mais preocupante, danificar os grandes transformadores das redes elétricas, podendo até resultar em apagões.
Um estudo sobre a vulnerabilidade do sistema elétrico espanhol a tempestades solares alerta que um evento solar intenso poderia paralisar todos os serviços dependentes de eletricidade, como hospitais, elevadores e sistemas de bombeamento de água.
“Durante tempestades solares, as partículas carregadas alcançam o subsolo e induzem correntes que podem ser fortes o suficiente para danificar os transformadores”, explica Alex Marcuello, professor de Física da Terra na Universidade de Barcelona e coautor da pesquisa.
Fora dos limites terrestres, espaçonaves podem sofrer falhas operacionais e danos devido a estes fenômenos geomagnéticos, enquanto astronautas correm risco de exposição à radiação acima dos níveis de segurança em poucas horas.