A “hora nona”, citada em passagens bíblicas, refere-se a um momento específico do dia, conforme a divisão de tempo utilizada na antiguidade, principalmente em contextos judaicos e romanos.
Esse período, mencionado em relatos como os da crucificação de Jesus, faz parte de um sistema horário que dividia o dia em etapas, baseado na luz solar.
O que significa e quando acontece a “hora nona”?
A “hora nona” é um termo bíblico que se refere à nona hora do dia, de acordo com a contagem de tempo utilizada pelos judeus na época em que os textos bíblicos foram escritos.
Para compreender melhor o que isso significa, é necessário contextualizar como os judeus dividiam o dia e as horas, já que seu sistema era diferente do que usamos atualmente.
Os judeus dividiam o dia em duas partes principais: o dia claro e a noite. O dia claro começava ao nascer do sol, por volta das 6 horas da manhã, e terminava ao pôr do sol, por volta das 18 horas.
Esse período de 12 horas era dividido em 12 partes iguais, chamadas de “horas”.
Assim, a “hora primeira” correspondia aproximadamente às 7 horas da manhã, a “hora segunda” às 8 horas, e assim por diante. Dessa forma, a “hora nona” equivalia às 15 horas (3 horas da tarde, no nosso sistema atual); confira:
☀️ Manhã/Tarde | ⏰ Horário |
---|---|
Primeira hora | 7h |
Segunda hora | 8h |
Terceira hora | 9h |
Quarta hora | 10h |
Quinta hora | 11h |
Sexta hora | 12h (meio-dia) |
Sétima hora | 13h (1 da tarde) |
Oitava hora | 14h (2 da tarde) |
Nona hora | 15h (3 da tarde) |
Décima hora | 16h (4 da tarde) |
Décima primeira hora | 17h (5 da tarde) |
Décima segunda hora | 18h (6 da tarde) |
Morte de Jesus na “hora nona”
No Novo Testamento, a “hora nona” é mencionada em momentos significativos. Um dos exemplos mais conhecidos está em Mateus 27:46, onde é dito que Jesus, ao ser crucificado, clamou a Deus por volta da “hora nona”. Isso significa que Ele morreu por volta das 15 horas.
“Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 27:46).
Esse horário possui um simbolismo importante, pois era o momento em que os sacrifícios diários eram realizados no Templo de Jerusalém.
Vigílias
Além disso, os judeus também dividiam a noite em vigílias, que eram períodos de aproximadamente 4 horas cada. Esse sistema era usado para marcar o tempo durante a noite, já que não havia relógios como os que temos hoje.
- Primeira vigília noturna: das 18h até 22h;
- Segunda vigília noturna: das 22h até 2h da manhã;
- Terceira vigília noturna: das 2h da manhã até 6h da manhã.
Vale ressaltar que a contagem das vigílias podia variar entre os judeus e os romanos, o que explica por que alguns textos bíblicos mencionam três vigílias (sistema judaico) e outros quatro (sistema romano). No caso dos romanos, a contagem se dava assim:
- Primeira vigília noturna: das 18h até 21h;
- Segunda vigília noturna: das 21h até meia-noite;
- Terceira vigília noturna: da meia-noite até 3 da manhã;
- Quarta vigília noturna: das 3 da manhã até 6 da manhã.
Calendário judaico
Os judeus também utilizavam um calendário distinto do nosso, baseado principalmente no ciclo lunar, mas com ajustes para alinhá-lo ao ciclo solar.
Cada mês começava com o aparecimento da lua nova, e o ano religioso iniciava por volta de março ou abril. Os meses tinham nomes específicos e estavam associados a festividades importantes:
- Nisã (ou Abibe): (março/abril – mês da celebração da Páscoa);
- Iyar (ou Ziv): (abril/maio);
- Sivã: (maio/junho – mês da festa de Pentecostes);
- Tamuz: (junho/julho);
- Av: (julho/agosto);
- Elul: (agosto/setembro);
- Tisrei (ou Etanim): (setembro/outubro – mês das festas dos Tabernáculos e do Dia da Expiação);
- Chesvan (ou Bul): (outubro/novembro);
- Quislev: (novembro/dezembro);
- Tebete: (dezembro/janeiro);
- Sebate: (janeiro/fevereiro);
- Adar: (fevereiro/março).