Qual foi o tempo máximo que alguém prendeu a respiração debaixo d’água?

O corpo pode ficar apenas alguns minutos sem oxigênio antes de começar a falhar. Mas, há pessoas que alcançaram marcas incríveis debaixo d'água.

O oxigênio é um elemento vital, não só para a manutenção da vida em terra, mas também para aqueles que se aventuram nas profundezas aquáticas. 

Nesse sentido, prender a respiração debaixo d’água é uma habilidade que parece sobre-humana por desafiar os limites do nosso corpo. 

Enquanto o cérebro pode sofrer danos irreversíveis após aproximadamente quatro minutos sem oxigênio, existem pessoas que desafiam essa fronteira biológica.

Um exemplo disso são nadadores e mergulhadores que praticam rigorosamente para aumentar a capacidade pulmonar e otimizar o uso de oxigênio. 

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Eles costumam realizar regularmente exercícios de apneia — uma disciplina que exige tanto resistência física quanto controle mental, visando prolongar cada vez mais o tempo de submersão.

Tempo máximo que um ser humano conseguiu ficar sem respirar

O recorde mundial de apneia estática, uma modalidade na qual o mergulhador submerge sem movimento, é detido por Budimir Šobat, da Croácia, que conseguiu ficar 24 minutos e 37 segundos sem respirar. 

Este impressionante feito foi realizado em uma piscina na cidade de Sisak, ao sul de Zagreb, em 27 de março de 2021, e teve como objetivo angariar fundos para um centro de tratamento de autismo.

Durante o desafio, Šobat foi acompanhado por uma equipe de médicos, jornalistas e familiares, que garantiram a segurança e a veracidade do recorde. 

Antes de mergulhar, Šobat realizou uma hiperventilação com oxigênio puro para maximizar a oxigenação do corpo, uma técnica que lhe permitiu superar o limite humano comum de retenção de respiração, que geralmente não ultrapassa 30 segundos.

O atleta croata, que começou sua carreira no esporte com musculação, dedicou-se posteriormente ao mergulho estático, tornando-se um dos dez melhores do mundo na modalidade. 

Seu treinamento intensivo ao longo dos anos consistiu em aprimorar sua capacidade de bombear sangue oxigenado lentamente pelo corpo, permitindo-lhe reter oxigênio por mais tempo.

O que é apneia estática?

A apneia estática consiste em reter a respiração sob a água com as vias aéreas imersas, e pode ser praticada com o corpo flutuando ou totalmente submerso. 

Embora a apneia de peso constante seja mais conhecida, a estática vem ganhando popularidade devido à sua menor exigência de habilidades naturais e técnicas, sendo frequentemente praticada em piscinas e permitindo a observação contínua pelo público.

O recorde anterior de apneia estática, que exige a submersão do trato respiratório, era de 11 minutos e 54 segundos, estabelecido por Branko Petrovic em um campeonato de mergulho livre em Dubai, realizado em 2014. 

A modalidade exige o mais alto nível de resistência física e mental dos mergulhadores. Em competições, eles devem mergulhar vários metros debaixo d'água, sem equipamento adequado, e prender a respiração o máximo que puderem. 

Adaptação dos “nômades do mar”

Além de atletas e mergulhadores profissionais, o povo Bajau, uma comunidade indígena do Sudeste Asiático, demonstra uma capacidade notável de permanecer submersos por até 13 minutos e mergulhar até 70 metros. 

Tradicionalmente vivendo em estruturas flutuantes e dependendo da pesca de mergulho, eles apresentam uma adaptação genética singular: um baço significativamente maior. 

Este órgão, responsável por armazenar e filtrar células sanguíneas, é essencial para a sobrevivência em ambientes de baixo oxigênio. 

Pesquisas indicam que o tamanho aumentado do baço dos Bajau, não atribuído a doenças, é devido a uma mutação no gene PDE10A, que influencia a resposta do corpo à hipóxia (falta de oxigênio suficiente nos tecidos para manter as funções corporais). 

No entanto, seu estilo de vida está ameaçado, pois são um grupo marginalizado, que não conta com os mesmos direitos de cidadania que os habitantes das ilhas principais da região.

Por outro lado, a pesca em grande escala está esgotando os peixes e recursos marinhos, forçando-os a escolher entre deixar suas tradições ou continuar a viver no mar, e lidar com essas adversidades.