Recentemente, cientistas da Universidade de Valência examinaram como as pessoas entendem o que leem tanto em livros impressos quanto em telas digitais.
Eles analisaram dezenas de estudos publicados entre 2000 e 2022, com quase 470.000 pessoas testadas.
Os resultados indicam que uma dessas formas de leitura pode melhorar a compreensão do conteúdo em até oito vezes.
Livro digital ou físico: qual é o melhor?
A conclusão do estudo é que a leitura recreativa no papel melhora mais a compreensão do que quando feita na tela.
O relatório, publicado na revista Review of Educational Research sobre políticas educativas, revela também que no ensino fundamental e médio os alunos devem ser incentivados a ler, sobretudo em formato impresso, mais do que em dispositivos digitais.
A metanálise conseguiu determinar até que ponto o tempo é melhor aproveitado quando a leitura é feita no papel (com valor variando entre 0,30 e 0,40) do que quando feita na tela (0,05).
Isso significa, por exemplo, que se um aluno passar 10 horas lendo livros em papel, sua compreensão será provavelmente entre 6 e 8 vezes maior do que se ele lesse os mesmos em dispositivos digitais pelo mesmo período.
O grupo de pesquisa Estrutura Interdisciplinar de Pesquisa em Leitura (ERI), que conduziu o experimento, ficou surpreso com o fato de a maioria dos hábitos de leitura digital analisados (tanto nas redes sociais como na leitura informativa) “apresentarem associações mínimas com a compreensão do texto”.
“Seria de esperar que a leitura para fins informativos – visitar a Wikipédia ou websites educativos, ou ler notícias ou e-books – estaria mais positivamente relacionada com a compreensão, mas não foi o caso”, alertam os autores.
Por outro lado, eles também notaram que a compreensão de conteúdo digital aumenta com a idade.
No ensino médio e na universidade, a interpretação de textos recreativos em formato digital é mais positiva.
Estudos semelhantes
O debate entre livros impressos e leitores eletrônicos tem sido acirrado desde o lançamento dos leitores digitais, como o Kindle.
Diante disso, outros estudos também destacaram que os e-books não são tão bem recebidos quanto os impressos.
Uma pesquisa da Universidade de Málaga, na Espanha, investigou se os alunos preferem usar livros impressos ou digitais na escola, e como isso afeta as suas emoções.
Para isso, eles usaram cinco aparelhos que medem a atividade cerebral e do corpo dos alunos enquanto eles liam e faziam exercícios com os dois formatos.
Os resultados mostraram que os estudantes tiveram reações diferentes, dependendo do formato da obra.
Os livros impressos ativaram mais a parte do cérebro relacionada à atenção, à emoção e à memória, e também aumentaram a transpiração e a abertura dos olhos dos alunos.
Isso pode indicar que eles estavam mais envolvidos e interessados neste tipo de leitura.
Já os digitais causaram mais estresse e rejeição em alguns alunos, e menos prazer em outros, demonstrando que eles não gostaram ou não se adaptaram bem à leitura nas telas.
Diante disso, a investigação concluiu que os livros impressos são mais atrativos e motivadores para os alunos do que os e-books, e que isso pode ter implicações para o ensino e a aprendizagem.