Pela primeira vez em quase três décadas, o governo dos Estados Unidos mudará as categorias de raça e etnia no Censo 2030.
As autoridades federais afirmam que essa mudança proporcionará uma identificação mais exata para aqueles que se reconhecem como hispânicos ou que têm origens no Oriente Médio e Norte da África.
O processo de revisão, iniciado em junho de 2022, surge após anos de críticas sobre questões demográficas que muitas vezes deixavam as pessoas que não se identificavam como brancas ou negras confusas sobre qual opção deveriam escolher.
Quais serão as novas categorias de raça/etnia?
Os novos critérios alterarão o método de coleta de dados por todas as agências federais norte-americanas, adotando uma abordagem unificada para as categorias de raça e etnia.
Agora, uma pergunta única englobará pelo menos sete opções de raça/etnia, permitindo que os cidadãos marquem aquelas que considerarem aplicáveis:
- Americano Nativo ou Nativo do Alasca;
- Asiático;
- Negro ou Afro-Americano;
- Hispânico ou Latino (anteriormente aparecia em uma pergunta separada sobre etnia);
- Oriente Médio ou Norte da África – MENA (nova inclusão);
- Nativo do Havaí ou Outras Ilhas do Pacífico;
- Branco.
Essas categorias fazem parte de uma série de atualizações que incluem novas definições, terminologia e diretrizes para as agências governamentais na coleta e relatório de dados.
A última revisão das categorias raciais e étnicas pelo Censo dos EUA ocorreu em 1997, permitindo pela primeira vez que os indivíduos se identificassem com mais de uma raça.
Naquele ano, também foi introduzida a opção “Latino”, permitindo aos participantes selecionar “Hispânico ou Latino”.
As categorias raciais foram definidas como branco, negro ou afro-americano, índio americano ou nativo do Alasca, asiático e nativo do Havaí ou outras ilhas do Pacífico.
Em 2010, o Census Bureau tentou combinar raça e etnia em uma única pergunta, o que teria permitido aos hispânicos escolherem “Hispânico” como sua raça ou origem, mas essa mudança não foi aprovada pelo Office of Management and Budget, de acordo com o Pew Research Center.
Os resultados do Censo de 2020 mostraram que a população hispânica ou latina cresceu para 62,1 milhões, um aumento de mais de 11,6 milhões desde 2010, com mexicanos representando mais de 58% da população hispânica nos EUA.
Implicações da mudança
As implicações dos novos padrões de classificação de raça/etnia são significativas para aqueles que utilizam esses dados.
As alterações podem influenciar o tamanho percebido de subgrupos populacionais, com um possível aumento na identificação de indivíduos como do Oriente Médio ou Norte da África, hispânicos ou latinos, e negros ou afro-americanos, e uma diminuição naqueles que se identificam como brancos ou de outra raça.
O impacto dessas alterações será mais pronunciado em áreas com grandes subgrupos populacionais específicos.
Por exemplo, em estados como Michigan, onde a população do Oriente Médio ou Norte da África é proporcionalmente maior, as revisões terão um efeito mais substancial.
Apesar disso, há preocupações de que os novos padrões possam resultar em uma subestimação dos latinos que também se identificam como negros.
Por outro lado, há uma expectativa de que as mudanças levem a políticas mais equitativas, melhorando a compreensão das disparidades em saúde e permitindo um uso mais eficaz dos recursos.
Como funciona o Censo dos EUA?
O Censo dos EUA, realizado a cada dez anos pelo governo federal, coleta dados demográficos essenciais para a representação política, a distribuição de fundos e a análise socioeconômica.
A participação pública é vital para a precisão dos dados, que influenciam decisões políticas e comunitárias.
O processo inclui planejamento antecipado, distribuição de questionários e coleta de dados, culminando na análise e divulgação das informações pelo US Census Bureau.