Por que os pássaros, quando voam em bando, se movem em forma de “V”?

Hierarquia? Força? Economia de energia? Descubra os mistérios por trás do voo em V das aves.

Você certamente já deve ter vivenciado esse momento: ao olhar para o céu em um fim de tarde, foi agraciado pelo milimétrico desenho de um bando de pássaros voando para o horizonte, quase como se em uma dança coreografada.

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Talvez o mais interessante disso tudo envolva o fato deles estarem quase sempre em V. Por muitos anos, cientistas tentaram desvendar esse mistério partindo de uma série de possibilidades: a formação permite que as aves economizem a energia, ou essa é simplesmente uma questão de hierarquia.

Apesar dessas opções estarem corretas, um estudo revela que existe toda uma ciência por trás dessa elegante ordem. Para entender melhor, confira abaixo por que os pássaros, ao voarem em bando, se movem em V.

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Por que os pássaros voam em V

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Os pássaros voam em bando por uma série de motivos, como economia de energia. Foto: Reprodução / Pexels

Qualquer um que observa o céu e percebe as movimentações dos pássaros migratórios sabe que as criaturas estão voando em V. Por muito tempo, os cientistas debateram os motivos dessa formação.

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Já são décadas de trabalho amplamente teórico para desvendar esse mistério. Os cientistas calcularam como o ar deveria fluir ao redor de um pássaro a partir do que se sabe sobre aviões, mas isso não chegava nem perto de uma medição real.

Isso mudou em 2001, quando Henri Weimerskirch equipou pelicanos com monitores de frequência cardíaca.

A partir desse teste, o cientista descobriu que os pássaros na parte de trás da formação em V tinham batimentos cardíacos mais lentos que os da frente, além de baterem as asas com menos frequência.

Isso prova o conceito de conservação de energia: para manter a justiça no grupo, as aves se revezam na liderança, o que faz com que as que se cansam se desloquem para trás.

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A idade, sexo e tamanho do corpo também determinam essa ordem. Em bandos com adultos e juvenis, os mais novos raramente vão para a frente, visto que não são capazes de manter as altas velocidades necessárias para a liderança, além de atrasarem o bando inteiro.

Mas isso ainda não respondia todas as questões que o voo em formação continuava a criar. E as possibilidades continuaram a surgir.

Com base em um estudo realizado com o íbis, uma ave pelecaniforme da família Threskiornithidae, essas enormes criaturas conseguem posicionar cuidadosamente as pontas de suas asas e sincronizar suas batidas.

Isso permite que possam aproveitar o deslocamento do ar causado pelo bater das asas do colega à frente, guardando uma boa quantidade de energia durante o voo.

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Desse modo, existem duas razões primárias que fazem com que os pássaros voem em V: para tornar o voo mais fácil, ou simplesmente porque o restante está seguindo o líder.

Como a humanidade e a natureza estão sempre em conformidade, é possível que seja por esse motivo que muitas esquadrilhas fazem o mesmo.

As aeronaves militares conseguem economizar uma boa quantidade de combustível voando nessa formação, e é a partir disso que os cientistas suspeitem que aves migratórias façam o mesmo.

O que a Ciência revela

As novas possibilidades do voo em V dos pássaros foram estudados por uma série de cientistas da Universidade de Londres, em Hatfield.

estudo, publicado na revista Nature, aproveitou um projeto existente para reintroduzir na Europa os íbis-eremitas-do-norte, uma espécie ameaçada de extinção.

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Na pesquisa, cientistas utilizaram um avião ultraleve para mostrar a um grupo de pássaros criados em cativeiro como era feita a rota migratória ancestral deles, que ia da Áustria até a Itália.

Nesse sentido, um bando de 14 aves mais novas carregava registradores de dados desenvolvidos especialmente pelos pesquisadores em seu laboratório.

O GPS do dispositivo era capaz de determinar a posição de voo de cada animal com uma precisão de até 30 cm, e um acelerômetro registrava as batidas das asas.

Assim como calculado por previsões aerodinâmicas, os pássaros rapidamente se posicionavam atrás e ao lado do pássaro à frente, sincronizando as batidas de asas de modo que pudessem aproveitar os redemoinhos ascendentes.

Dessa forma, sempre que um pássaro voava diretamente atrás de outro, o ritmo das batidas se invertia, minimizando os efeitos da corrente descendente gerada pelo corpo da ave que estava logo à frente.

É possível que essa descoberta também se aplique a outras aves de asas longas, como os pelicanos, cegonhas e gansos. Pássaros menores, por sua vez, criam correntes de ar mais complexas, o que tornaria mais difícil o aproveitamento do movimento de outro indivíduo.

Quanto ao formato exato, os cientistas ainda não sabem como os pássaros conseguem encontrar o ponto aerodinâmico ideal. Contudo, eles suspeitam que eles realizam esse alinhamento de forma visual, ou só ao sentir as correntes de ar por meio das penas.

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