Por que os antigos egípcios mumificavam os mortos?

Você já parou para se perguntar o motivo dos antigos egípcios mumificarem seus mortos? Entenda mais sobre essa crença histórica.

Os egípcios construíram sua história ao redor de uma sociedade extremamente religiosa. Tal religiosidade, que desperta a curiosidade de muitos até hoje, foi responsável por determinar boa parte das práticas culturais e sociais entre seu povo, e uma delas era a crença na imortalidade. Afinal, eles possuíam um ritual certamente interessante: o da mumificação. Mas por que exatamente os antigos egípcios mumificavam os mortos?

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Para esse povo, a morte era apenas passageira, e a vida retornaria para o corpo em dado momento. Contudo, isso só poderia acontecer se o corpo do ser fosse conservado. Assim, se a alma (Rá) não voltasse para sua forma (Ká), o corpo não havia sido conservado.

Recentemente, alguns pesquisadores responsáveis por uma nova exposição sobre a cultura egípcia na Inglaterra revelaram uma nova razão pela qual a civilização egípcia mumificava seus mortos. De acordo com os pesquisadores, apesar do que se acreditou por muito tempo, a prática não possui apenas o objetivo de preservá-los da decomposição: ela na verdade tinha um objetivo transcendental.

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O cientista do Museu da Universidade de Manchester, onde fica a sede da exposição, Campbell Price, revelou que o método de mumificação desenvolvido pelos antigos egípcios, muitas vezes complexo, possuía um objetivo específico. Ele buscava guiar o morto em seu caminho para a divindade.

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Junto disso, Price ainda acredita que a noção errônea em relação ao objetivo da mumificação tenha surgido durante a era vitoriana, no século XIX. Na época, muitos pesquisadores deduziram que os métodos desenvolvidos nesse processo, assim como aqueles utilizados para preservar peixes, buscavam preservar corpos.

Contudo, a preservação de peixes consistia em mantê-los frescos para serem comidos no futuro. Os antigos pesquisadores deduziram que o mesmo seria feito com o corpo humano, evitando a decomposição. No entanto, a substância salina utilizada na mumificação de corpos do Antigo Egito era diferente da presente na conservação de carne dos peixes.

Na mumificação, era utilizada uma substância conhecida como natrão, que possui um significado religioso. O natrão estava muito presente em rituais dos templos, e era aplicado em estátuas dos deuses, de acordo com Price. Em um templo, é comum queimar incenso, visto que é a casa de um deus, tornando o ambiente divino. Mas ao usar as resinas de incenso no corpo, se diviniza a forma, transformando-o em um ser divino; algo que vai além da simples conservação.

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Como era feita a mumificação?

Várias técnicas de mumificação foram desenvolvidas ao longo do tempo. Antes de mais nada, é preciso ter em mente que ela era realizada por um profissional específico. Após retirar as vísceras do corpo, os restos mortais eram repousados em uma mistura de carbonato de sódio e água. Feita a imersão, várias substâncias e ervas eram inseridas na carcaça, evitando a deterioração dos tecidos.

No final do procedimento, o morto era então enfaixado, coberto com uma cola que impedia que fosse contaminado pelo ar. Logo depois, ele era colocado em um sarcófago, posteriormente depositado em um túmulo.

Por meio da análise de muitos túmulos, estudiosos da área descobriram qual era a posição na sociedade ocupada por vários mortos. Sacerdotes e faraós, por exemplo, eram sepultados em mastabas, as construções em formato de trapézio, divididas em dois compartimentos: um com o sarcófago, e outro armazenando oferendas do ritual funerário.

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Após o falecimento, de acordo com a crença egípcia, o indivíduo perdia acesso aos prazeres e regalias que um dia desfrutou em vida. Para que pudesse recuperar seus benefícios em sua nova existência, a pessoa era conduzida pelo deus Anúbis, apresentando-se ao tribunal de Osíris, onde passaria por uma avaliação de seus erros por quarenta e dois seres divinos.

O falecido receberia o “Livro dos Mortos”, que possuía as orientações de seu comportamento durante a sessão. Para receber a aprovação das divindades, era necessário nunca ter cometido uma série de infrações, como roubar, cometer adultério, matar, mentir, causar confusões ou escutar conversas alheias.

No ápice do julgamento, Osíris pesaria o coração do falecido na famosa balança. A aprovação só seria concedida se o coração fosse mais leve que uma pena.

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