No ano passado, o coração de D. Pedro I retornou a solo brasileiro pela primeira vez na história, em comemoração ao bicentenário da Independência do Brasil. Para a data, o item foi retirado de Portugal, onde reside na capela da Igreja de Nossa Senhora da Lapa, na cidade do Porto. Na época e ainda hoje, uma dúvida volta a ressurgir: por que o coração de Dom Pedro I está embalsamado e separado do resto de seu corpo?
Trazido das terras lusas, o órgão veio ao Brasil em um jato executivo da Força Aérea Brasileira (FAB), ficando exposto ao público do dia 23 de agosto até 8 de setembro de 2022. Após 187 anos preservado em Portugal, entenda abaixo o motivo do coração ter sido embalsamado e não enterrado junto do monarca.
Entenda por que o coração de Dom Pedro I está embalsamado
Dom Pedro I é a figura ilustre responsável pela Independência, no dia 7 de setembro de 1822. Seu período como monarca, por sua vez, não foi tão glorioso: abdicou do trono brasileiro para que seu filho, D. Pedro de Alcântara, o assumisse, mesmo com apenas 5 anos. Com seu herdeiro ainda menor de idade, partiu com a família real para a Europa em 1831, rumo a Portugal.
Seu objetivo ao retornar a Portugal, por sua vez, era grandioso. Desejava travar uma batalha contra o irmão absolutista D. Miguel, de modo que pudesse restituir o trono à filha, Maria da Glória, que havia sido ocupado em 1828 pelo tio.
Em Porto, o monarca derrotou D. Miguel, o que fez com que o irmão perdedor precisasse assinar a Convenção de Évora Monte, em 26 de maio de 1834. A herdeira, Maria, prestou juramento e subiu ao trono em 20 de setembro.
A essa altura, porém, a guerra já havia deteriorado a saúde do ex-imperador. Com imunidade baixa, o líder político contraiu tuberculose, morrendo em 24 de setembro de 1834, no Palácio de Queluz. Antes disso, porém, D. Pedro I fez um último pedido.
O último pedido
Na véspera de sua morte, D. Pedro I declarou querer entregar seu coração “à heroica cidade do Porto”. Com base em informações da Irmandade da Lapa, para ele, o local teria sido o palco de sua glória. Assim, em 1972, as demais partes dos restos mortais do monarca foram trazidas ao Brasil, enquanto o órgão permanece em Porto desde 1835, conservado em formol em um recipiente de vidro.
Para que pudesse ser trazido ao Brasil, o coração precisou ser retirado de seu suporte, guardado a cinco chaves. Antes de vir ao país, inclusive, foi exposto ao público no Salão Nobre da Irmandade da Lapa.