Dia dos Namorados, Dia de São Valentim, Valentine’s Day: chame do que quiser, mas não se esqueça que a data foi especialmente definida para celebrar, única e exclusivamente, o amor.
Considerado o dia mais romântico do ano, o momento é uma forma de dar atenção ao amor entre duas pessoas, normalmente casais, e é marcado pela troca de presentes, jantares românticos e programas a dois.
Nos Estados Unidos e em muitos outros países, os apaixonados celebram da mesma forma: planos são feitos para celebrar o dia ou a noite de 14 de fevereiro em grande estilo, sempre com buquês de rosas, jantar à luz de velas e grandes demonstrações de afeto. Mas espera aí… 14 de fevereiro?
Não, você não leu errado: para o restante do mundo, o Dia dos Namorados é comemorado em fevereiro, e não em 12 de junho, como fazemos por aqui.
Mas por que essa discrepância? O que teria levado os brasileiros a adotarem junho como o mês dos namorados, diferente dos demais países? Para entender melhor sobre o assunto, confira a resposta para esse mistério abaixo.
Por que comemoramos o Dia dos Namorados em junho e não em fevereiro?
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Para o resto do mundo, o Dia dos Namorados é baseado em um conto do século V. Foto: Reprodução / Pexels
Apesar do teor romântico da data, o motivo pelo qual o Brasil escolheu 12 de junho como o momento perfeito para celebrar o Dia dos Namorados não está nada relacionado ao amor, mas sim a questões comerciais.
De modo que seja possível entender essa decisão, é preciso voltar um pouco no tempo, lá para o ano de 1949.
Na época, o publicitário João Dória, pai do empresário e ex-governador de São Paulo, João Dória Jr., era dono de uma agência de propaganda, a Standart, contratada para criar uma campanha publicitária para uma rede de lojas paulistas, a Clipper.
O objetivo da campanha era impulsionar as vendas em junho, que era considerado um mês fraco para o comércio até aquela época.
Desse modo, inspirado pelo sucesso do Dia das Mães, celebrado em 11 de maio e um verdadeiro catalizador de vendas, João Dória decidiu fazer uma propaganda que criava uma data comemorativa especial para aquele mês: o Dia dos Namorados.
O santo bateu
A ideia de João Dória era certamente genial, e ainda casava perfeitamente com a época em que a campanha tomaria forma: o tal Dia dos Namorados seria um dia antes do Dia de Santo Antônio, celebrado em 13 de junho.
Vale lembrar que Santo Antônio é tradicionalmente conhecido como o “santo casamenteiro” no catolicismo. Aliás, o dia 13 de junho é muito vetado por ser uma data em que muitas pessoas fazem preces e promessas para encontrar o amor e se casar.
O sucesso da campanha foi tão grande que a ideia agradou em cheio uma maioria gritante dos comerciantes do Brasil, e o país inteiro passou a celebrar o Dia dos Namorados no dia 12 de junho.
Foi então possível unir o útil ao agradável: uma comemoração para ficar na memória por conta de Santo Antônio e um verdadeiro movimentador da economia.
O poder da propaganda
João Dória fez um excelente trabalho na Standart. Sua primeira campanha de Dia dos Namorados é lembrada até hoje, especialmente suas peças e slogans, feitas em conjunto com Fritz Lessin, artista responsável pela parte visual.
Não é à toa que ela foi julgada como a melhor do ano pela Associação Paulista de Propaganda da época. O publicitário se aproveitou de uma série de chamadas curiosas, como:
- “Não é só com beijos que se prova o amor!”, dizia o slogan principal do projeto;
- “Não se esqueçam: amor com amor se paga”;
- “Este é o dia em que no mundo inteiro as criaturas que se amam trocam juras de amor e ternos presentes”, como dizia o texto da campanha.
As lojas Clipper fecharam as portas em 1970, mas foram um verdadeiro sucesso antes disso: especialmente a Clipper voltada à moda feminina.
Apesar do fim da marca, é fato que ela pode levar os créditos por ter impulsionado a terceira melhor data para o comércio no país, ficando atrás apenas do Natal e do Dia das Mães.