Colorido e emocionante: quando junho chega, para muito além das festas juninas brasileiras, ruas do mundo inteiro se transformam em palco para celebrações, marchas, shows e manifestações cheias de bandeiras, brilhos e palavras de ordem.
É o Mês do Orgulho LBTQIAPN+, uma época que vai muito além das festas, carregando décadas de história, luta por direitos e afirmação de identidades que foram (e muitas vezes ainda são) silenciadas.
Mas por que, afinal, junho se tornou o mês oficial desse movimento? O que há por trás das datas e símbolos que marcam essa celebração global?
Para entender, é preciso voltar no tempo e conhecer os episódios que transformaram um ato de resistência em um marco anual do verdadeiro orgulho. Vamos lá?
Por que junho é o mês do Orgulho LBTPQIAPN+?

Junho é considerado o mês oficial do Orgulho por conta da revolta de Stonewall. Foto: Reprodução / Pexels
Pode até parecer uma decisão impensada ter junho como o mês do Orgulho, mas certamente não é. E a resposta está em um evento que mudou para sempre o movimento: a rebelião de Stonewall, em 1969.
Na madrugada de 28 de junho de 1969, a polícia de Nova York invadiu o bar Stonewall Inn, um espaço seguro para a comunidade LGBTQ da cidade.
Não era a primeira vez que estabelecimentos frequentados por pessoas LGBTQ sofriam esse tipo de repressão, mas naquela noite algo mudou: ao invés de aceitar passivamente a violência policial, clientes e apoiadores reagiram.
A multidão que assistia à cena se rebelou, enfrentando a polícia e dando início a cinco dias de protestos intensos, os famosos motins de Stonewall.
Esse episódio se tornou um divisor de águas: foi a faísca que incendiou a luta organizada por direitos, visibilidade e respeito.
Um ano depois, em 28 de junho de 1970, Nova York realizou a primeira marcha do Orgulho, a Christopher Street Liberation Day March, que reuniu apenas algumas centenas de pessoas no início, mas logo cresceu para milhares ao longo do trajeto até o Central Park.
Das marchas à festa global
Antes de Stonewall, manifestações como os “Annual Reminders” em frente ao Independence Hall, na Filadélfia, já denunciavam a negação de direitos a gays e lésbicas, mas eram atos cuidadosamente coreografados: homens usavam terno e mulheres, saias, para parecerem respeitáveis.
Stonewall quebrou esse modelo. A partir dali, o movimento trocou a contenção pelo orgulho e a vergonha pela afirmação pública de identidade.
Logo, outras cidades seguiram o exemplo: Chicago, Los Angeles e São Francisco também organizaram eventos em homenagem a Stonewall.
Com o tempo, o último domingo de junho virou referência para as celebrações, que mais tarde se expandiram para o mês inteiro.
Nos Estados Unidos, o mês foi reconhecido oficialmente pelo governo, começando com Bill Clinton em 1999, depois por Barack Obama e Joe Biden, que ampliaram ainda mais a nomenclatura inclusiva.
No Brasil, o Dia Nacional do Orgulho Gay é celebrado em 25 de março, mas é no dia internacional, 28 de junho, que o grito ganha mais força.
A primeira Parada do Orgulho em solo brasileiro aconteceu em 1997, em São Paulo, reunindo cerca de 2 mil pessoas.
Desde então, o evento cresceu de forma impressionante: em 2022, mais de 4 milhões de pessoas tomaram a Avenida Paulista para a 26ª edição, consolidando São Paulo como a cidade com uma das maiores paradas do mundo.
A sigla LGBTQIAPN+
Ao longo do tempo, a sigla LGBT precisou se expandir para acolher mais identidades: são lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, intersexuais, assexuais, pansexuais, aliados e muito mais.
O sinal “+” representa todos os outros afetos, expressões e identidades que não cabem dentro da heteronormatividade. Mas cada letra representa:
- L: lésbicas;
- G: gays;
- B: bissexuais;
- T: transgêneros;
- Q: queer;
- I: intersexo;
- A: assexuais;
- P: pansexuais;
- N: não-binários.