O cheiro de bolo que acabou de sair do forno, um perfume que alguém específico usa, o odor de uma receita sendo preparada em um estabelecimento ou até mesmo o aroma de um cômodo que você não sente há algum tempo… Existem alguns cheiros que nos provocam fortes emoções, mas você sabe como esse processo acontece e afeta o cérebro humano?
Conhecidas como memória olfativa, essas informações estão relacionadas aos sentidos, mas também aos sentimentos, experiências e lembranças dos indivíduos. Por causa disso, tendem a ser mais duradouras quando ligadas a aspectos visuais ou auditivos, e também existem formas de treinar essas percepções. Saiba mais informações a seguir:
Por que alguns cheiros nos provocam fortes emoções?
Do ponto de vista biológico, quando um aroma alcança as narinas e o teto da cavidade nasal, há um estímulo químico transformado em estímulo elétrico, e posteriormente enviado até o cérebro. A parte do cérebro humano responsável pelo processamento dessa informação é chamado de sistema límbico, que também lida com as memórias, reações instintivas, sentimentos, reflexos e emoções.
Basicamente, o olfato é o único dos cinco sentidos que possui ligação direta com essa parte do cérebro. Como consequência, ao sentir um odor específico, o cérebro o grava na memória, junto com o sentimento provocado por esse contato, criando uma associação permanente entre a emoção e o aroma para depois armazenar aquilo como experiência.
Segundo Aromacologia, área do conhecimento responsável por estudar as reações cerebrais decorrentes dos estímulos no sistema olfativo, o nariz humano funciona como uma espécie de máquina do tempo por conta dessa associação com as memórias. Sendo assim, é possível desbloquear recordações do passado, despertar emoções e conectar o indivíduo com momentos marcantes por meio dos aromas.
No geral, estima-se que os seres humanos conseguem distinguir até 10 mil cheiros diferentes, enquanto o paladar está limitado a cinco sabores e a audição não consegue ultrapassar a frequência de 20 mil hertz. Apesar disso, compreende-se que cada ser humano reage de uma forma a um aroma, o que impacta na percepção da memória olfativa.
Por conta disso, o mesmo cheiro de pão fresco pode ser um gatilho para um trauma em uma pessoa, enquanto para outra desperta sentimentos positivos. Ainda que seja um sentido muito amplo, as experiências dos indivíduos com os estímulos é individual, principalmente porque depende de outros fatores associados no momento da captação daquela informação.
Nesse processo, o sentido do olfato pode causar reações psicofisiológicas inconscientes, despertando insatisfação, agressividade, medo, alegria, tristeza ou melancolia. Curiosamente, as empresas de cosméticos e perfumarias utilizam dessa relação entre aromas e emoções para vender produtos que criem experiências positivas aos consumidores.
Como treinar a sua memória olfativa?
1) Experimente aromas diferentes
Visitar uma perfumaria, caminhar em uma floricultura ou explorar uma feira pública são formas de conhecer novos aromas. Com o tempo, você consegue enriquecer o seu arsenal de informações e criar memórias a partir de cada um dos odores que foram sentidos. Além disso, essa é uma ferramenta para definir quais são os cheiros agradáveis e desagradáveis na sua opinião.
Em um aspecto mais particular, é interessante considerar a troca dos seus perfumes e produtos de beleza, pois assim você explora outros cheiros e emoções. Após a mudança, experimente adaptar o seu organismo aos novos estímulos usando os produtos por vários dias, até que o cheiro se torne normal novamente.
2) Treine a sua respiração
Por meio de práticas como yoga ou meditação é possível expandir a atividade respiratória e aprender a captar mais aromas no ambiente. Ademais, essas atividades auxiliam você a criar uma conexão mais profunda com o espaço e consigo mesma, aprendendo a identificar os detalhes que passam despercebidos na correria cotidiana.
3) Descreva os aromas
Ao transformar sensações em palavras fica mais fácil criar associações entre os estímulos que você recebeu ao longo do dia. Mais do que apurar o olfato, esse exercício te ajuda a desenvolver a sua descrição, trabalhar as suas emoções e encontrar novos significados às suas interações rotineiras.