As temperaturas entre novembro de 2022 e outubro de 2023 atingiram níveis nunca antes experimentados pelos seres humanos, sendo 1,5 graus acima da média e as mais altas em 125 mil anos, conforme revelado em um relatório divulgado pela Climate Central.
Os dados coletados pela organização científica norte-americana em 175 países mostram que 99% da população mundial, cerca de 7,8 bilhões de pessoas, foi exposta a temperaturas acima do normal. Além disso, 5,7 bilhões de indivíduos enfrentaram pelo menos 30 dias de temperaturas anormalmente elevadas.
Por que 2023 deve ser o ano mais quente?
Em diferentes partes do mundo, foram registradas temperaturas altíssimas, incluindo o Brasil, cuja sensação térmica beirou 60 °C no Rio de Janeiro. É preocupante notar que a temperatura aumentou 1,5 graus acima da média, e as máximas extremas apontadas nos cinco continentes são as mais elevadas dos últimos 125 mil anos.
Um relatório revisado por pares destaca que a queima de gasolina, carvão, gás natural e outros combustíveis fósseis, que liberam gases de efeito estufa como o dióxido de carbono, e outras atividades humanas, são responsáveis pelo aquecimento não natural observado nos últimos doze meses.
Andrew Pershing, cientista climático da Climate Central, observa que as pessoas percebem que algo está errado, mas nem sempre compreendem a conexão com a continuação do uso dessas fontes não-renováveis.
Ele destaca que os dados deste ano mostram que ninguém está imune a temperaturas extremas induzidas pelo clima. Os impactos são evidentes, com um em cada quatro seres humanos, totalizando 1,9 bilhão de pessoas, enfrentando ondas de calor perigosas. Esses fenômenos têm impactos prejudiciais na saúde, incluindo insolação, desidratação, desmaios e até a morte.
O cientista climático Jason Smerdon, da Universidade de Columbia, destaca que não deveríamos ficar surpresos, pois o aquecimento global foi previsto décadas atrás.
Impacto do El Niño
A Climate Central indica ainda que os efeitos do El Niño podem ser ainda piores em 2024. Este fenômeno natural aquece as águas superficiais do leste do Oceano Pacífico e, aliado às mudanças climáticas, têm sido um fator relevante para as inundações mortais na Líbia, ondas de calor intensas na América do Sul e os maiores incêndios florestais já registrados no Canadá.
Piers Forster, cientista da Universidade de Leeds, no Reino Unido, afirmou que não devemos aceitar esses desastres como normais. Reduzir rapidamente as emissões de gases de efeito estufa na próxima década pode diminuir pela metade a taxa de aquecimento.
Apesar das metas ambiciosas, as emissões globais de dióxido de carbono (CO₂) atingiram um recorde em 2022. A iminente Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023, a COP, destaca a urgência de ações para reverter este cenário.
Cientistas alertam que o planeta já aqueceu cerca de 1,5 graus Celsius devido à queima de combustíveis fósseis e ao uso desigual e insustentável de energia e terra, e 2024 poderá ser ainda mais quente se não forem tomadas ações imediatas.