Após mais de dois séculos sem um idioma oficial definido, os Estados Unidos finalmente estabeleceram uma língua oficial por meio de uma nova legislação aprovada em março deste ano.
A decisão marca um momento histórico para o país, que até então não havia formalizado um idioma nacional. Com essa medida, o governo busca padronizar a comunicação oficial e reforçar aspectos culturais e identitários da nação.
Qual é a língua oficial dos Estados Unidos?

Após 250 anos, o inglês passou a ser a língua oficial dos Estados Unidos. Foto: Reprodução / Pexels
Em 1º de março de 2025, o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva declarando o inglês como a língua oficial do país.
Essa decisão revogou uma ordem anterior do presidente Bill Clinton, que exigia que órgãos governamentais oferecessem assistência linguística a pessoas com proficiência limitada no idioma.
A justificativa para essa medida foi a necessidade de promover a unidade nacional e garantir a consistência nas operações governamentais.
Segundo o decreto, o inglês sempre foi a língua predominante nos Estados Unidos e sua oficialização ajudaria a fortalecer a identidade nacional e a facilitar a comunicação entre os cidadãos.
Além disso, a medida incentiva os imigrantes a aprenderem o idioma como forma de integração social e econômica.
Apesar da decisão, as agências governamentais ainda podem fornecer serviços e documentos em outras línguas, mas não são mais obrigadas a garantir acessibilidade para pessoas que não falam inglês.
Por que os EUA não tinham uma língua oficial?
Os Estados Unidos nunca adotaram uma língua oficial em nível federal devido à sua diversidade linguística e ao princípio de inclusão. Desde os tempos coloniais, o país abrigou uma variedade de idiomas falados por imigrantes e comunidades indígenas.
No século XVIII, quando a nação estava se formando, havia uma resistência significativa à ideia de impor uma única língua oficial, pois isso poderia ser visto como uma medida antidemocrática e excludente.
Além disso, a predominância do inglês no cotidiano e nos documentos governamentais tornou desnecessária a oficialização da língua, visto que ele sempre foi dominante na administração pública, na legislação e na comunicação oficial.
Quais idiomas são falados nos EUA?
Cerca de 68 milhões de pessoas, em um total de 340 milhões de habitantes nos Estados Unidos, utilizam um idioma distinto do inglês, segundo dados do US Census Bureau, incluindo:
Espanhol
Com cerca de 42 milhões de falantes, o espanhol é a segunda língua mais falada nos EUA.
Sua presença cresce devido à imigração latino-americana e ao grande número de hispanofalantes em estados como Califórnia, Texas e Flórida. Muitas cidades oferecem serviços bilíngues para atender essa população.
Chinês (Mandarim e Cantonês)
O chinês tem aproximadamente 3,5 milhões de falantes nos EUA, refletindo a imigração chinesa desde o século XIX. Comunidades amplas em cidades como Nova York e São Francisco mantêm viva a língua, com escolas e mídias dedicadas à preservação cultural.
Tagalo
Falado por cerca de 1,7 milhão de pessoas, o tagalo é uma das línguas que mais crescem nos EUA, graças à migração de filipinos. Muitos filipino-americanos mantêm o idioma nativo, especialmente em estados como Havaí e Califórnia.
Vietnamita
Com 1,5 milhão de falantes, o vietnamita é predominante em comunidades de refugiados que chegaram após a Guerra do Vietnã. Cidades como Houston e Orange County (Califórnia) abrigam grandes populações vietnamitas que preservam sua língua e tradições.
Francês
O francês tem cerca de 1,2 milhão de falantes nos EUA, incluindo dialetos como o francês cajun da Louisiana. A língua mantém raízes históricas em regiões como Nova Inglaterra e Louisiana, onde ainda é ensinada em algumas escolas.
Árabe
Com aproximadamente 1,2 milhão de falantes, o árabe cresce devido à imigração do Oriente Médio e Norte da África. Centros urbanos como Detroit e Nova York possuem comunidades árabes que utilizam o idioma no cotidiano e em negócios.
Coreano
Mais de 1,1 milhão de pessoas falam coreano nos EUA, principalmente em áreas como Los Angeles e Nova Jersey. A diáspora coreana mantém escolas de idiomas e mídias especializadas para manter viva a língua entre as novas gerações.
Alemão
Com cerca de 1,1 milhão de falantes, o alemão reflete a herança de imigrantes do século XIX. Embora seu uso tenha diminuído, comunidades em estados como Pensilvânia e Dakota do Sul ainda preservam tradições e dialetos locais.
Línguas indígenas
Mais de 160 línguas nativas, como navajo, cherokee e lakota, integram a identidade cultural das comunidades indígenas estadunidenses.
Apesar dos desafios, como a falta de recursos, organizações trabalham para preservar esses idiomas, que carregam séculos de história e tradição.