Em um cenário global marcado por contrastes, a produção de alimentos ainda é considerada um desafio para boa parte das nações.
Apesar dos avanços tecnológicos e logísticos do setor, amplamente utilizados no Brasil, vários países enfrentam dificuldades para garantir seu próprio abastecimento e dependem de importações para manter suas populações alimentadas.
Nesse contexto, os resultados de uma pesquisa recente chamam a atenção para o fato de que apenas um país no mundo consegue produzir, sozinho, alimentos em quantidade suficiente para suprir suas necessidades de forma integral. Descubra abaixo qual nação é essa.
O único país que produz toda a comida que precisa

País autossuficiente em questão de produção alimentícia. Foto: Reprodução / Pexels
Um levantamento conduzido pelas universidades de Göttingen, na Alemanha, e Edimburgo, no Reino Unido, revelou um dado surpreendente: entre 186 países analisados, apenas um é totalmente autossuficiente em alimentos.
Segundo os pesquisadores, a Guiana, país sul-americano vizinho ao Brasil, é o único que consegue, sozinho, produzir o suficiente para alimentar toda a sua população em todos os principais grupos alimentares.
A Guiana abriga parte da floresta amazônica e é considerada uma importante fonte de minérios, pedras preciosas e petróleo.
Sua população é de pouco mais de 800 mil pessoas, que vivem majoritariamente na planície litorânea, onde também está localizada a área agrícola local. O restante do território é formado por florestas, montanhas e savanas.
A pesquisa, publicada na revista Nature Food, avaliou a produção agropecuária global com base em sete grupos nutricionais considerados fundamentais para uma dieta equilibrada: frutas, vegetais, laticínios, carnes, peixes, proteínas vegetais e alimentos ricos em amido.
De todas as nações, apenas a Guiana atinge autossuficiência em todos os sete grupos. Logo atrás, aparecem China e Vietnã, que conseguem atender às necessidades internas em seis dos sete grupos.
No entanto, mesmo essas nações com forte produção ainda dependem de algum nível de importação para garantir uma dieta completa à sua população.
Situação global
O cenário global, com base nos resultados do levantamento, é preocupante.
Apenas um em cada sete países consegue produzir o suficiente em cinco ou mais categorias alimentares e, em contrapartida, mais de um terço das nações analisadas são autossuficientes em apenas duas ou menos.
Há ainda os casos mais críticos: países como Afeganistão, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Macau, Catar e Iémen não alcançam autossuficiência em nenhum dos sete grupos alimentares.
Quando se observa os blocos econômicos, o padrão se repete. Mesmo agrupando esforços e territórios, regiões inteiras não conseguem suprir todas as necessidades nutricionais de suas populações.
O Conselho de Cooperação do Golfo, por exemplo, só atinge autossuficiência no grupo das carnes; já as uniões econômicas da África Ocidental e do Caribe conseguem atender apenas a dois grupos.
Seja como for, em todo o estudo, nenhum bloco regional é capaz de produzir, sozinho, vegetais suficientes para abastecer suas populações.
Com base nesses dados, os pesquisadores chamam a atenção para a importância do comércio internacional de alimentos como elemento essencial para a segurança global.
Contudo, destacam também um risco crescente: a dependência de um único parceiro comercial. Muitos países concentram mais da metade de suas importações em uma só nação, o que os torna extremamente vulneráveis a choques de mercado, desastres climáticos e crises diplomáticas.
Para os pesquisadores, construir cadeias de suprimento mais resilientes é fundamental para proteger a saúde pública e garantir dietas saudáveis.
A cooperação internacional é indispensável, mas a concentração de parcerias comerciais em poucos fornecedores pode representar um grande obstáculo à estabilidade alimentar.