A serpente, por exemplo, era um animal maligno, um símbolo de inveja e cobiça. Já a pomba encarna um ideal de beleza e pureza, simbolizando a paz, o amor e o Espírito Santo.
O pardal tem o poder libertador do amor de Deus pelo homem, e o cão, por mais incrível que pareça, era considerado um animal impuro, tendo um valor negativo.
Nesse sentido, enquanto o cão é frequentemente mencionado na Bíblia, seja para o bem ou para o mal, quem não recebe uma menção sequer é o gato.
Uma das teorias envolve o fato de os gatos não terem outra função que não fosse puramente estética; logo, não tinham vez no mundo pragmático da época.
Além disso, eram muito queridos pelos egípcios, sendo até mesmo adorados como deuses, o que fazia com que fossem pouco apreciados pelos judeus.
Uma questão
O gato é o único animal doméstico que não aparece na Bíblia. Foto: Reprodução / Pexels
de tradução
Outra teoria que pode explicar o fato de os felinos não aparecerem no livro sagrado envolve sua tradução.
Na Bíblia Almeida, uma tradução para o português baseada na versão de João Ferreira Annes d’Almeida, o tradutor tentou ser o mais fiel possível ao texto hebraico, referindo-se aos bichos como “feras do deserto”, que, no fundo, podem representar animais selvagens.
Já na Bíblia de Jerusalém, que não é tão fiel ao texto hebraico, os tais “animais selvagens” foram traduzidos como “gatos selvagens”. Confira abaixo as ocorrências de cada versão, começando pela Bíblia Almeida:
“As feras do deserto se encontrarão com as hienas, e os sátiros clamarão uns para os outros; fantasmas ali pousarão e acharão para si lugar de repouso.” (Isaías 34,14) Bíblia Almeida.
Na Bíblia de Jerusalém, encontramos a seguinte tradução:
“Os gatos selvagens conviverão aí com as hienas, os sátiros chamarão os seus companheiros. Ali descansará Lilit, e achará um pouso para si.” (Isaías 34,14) Bíblia de Jerusalém.
Os animais na Bíblia
Os animais sempre tiveram grande importância na vida humana. Não seria nenhuma surpresa que estivessem presentes na Bíblia, nas parábolas de Jesus e na vida de vários santos.
Afinal, desde os primórdios, as pessoas aprenderam a viver junto dos animais, seja para aproveitar deles como companhia ou alimento.
No geral, porém, a coexistência entre seres humanos e animais está muito ligada à história humana, já que essa convivência ajuda muitos fiéis a entenderem a relação estreita entre o homem e a Criação.
Ela, afinal, deve ser amada e respeitada, visto que, na religião, demonstra amor e respeito a Deus.
Além de bichos como a serpente, a pomba e o pardal, a Bíblia ainda traz ocorrências do cavalo e do camelo, por exemplo, que eram considerados animais nobres e úteis.
O cavalo estava associado ao poder militar dos egípcios, enquanto o camelo era um símbolo dos Três Reis.
Já burros e bois eram considerados animais humildes, feitos para o trabalho, muito relacionados ao presépio e à fuga de José e Maria. Outros, como o veado, ibex, antílope e o gamo, eram valorizados por sua carne, beleza e graça.
