O que significa quando você pensa em algo e realmente acontece?

Pensar em algo e isso acontecer é um fenômeno explicado pela sincronicidade, teoria que sugere que mente e realidade estão entrelaçadas.

Já aconteceu com você de pensar em alguém que não via há tempos e, do nada, essa pessoa te mandar uma mensagem? Ou de sonhar com alguma coisa e, dias depois, ela se concretizar diante dos seus olhos?

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Esses momentos estranhos, em que pensamento e realidade parecem se alinhar de forma quase mágica, intrigam a humanidade há séculos.

Alguns chamam de coincidência, outros de intuição aguçada, e ainda há um conceito específico proposto por Carl Jung para explicar esse fenômeno, chamado “sincronicidade”.

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O que é sincronicidade?

Sincronicidade é um conceito desenvolvido pelo psiquiatra suíço Carl Jung em 1973, que descreve eventos significativamente relacionados em conteúdo ou significado, mas que não possuem uma conexão causal direta.

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Em vez de serem apenas acasos, essas ocorrências parecem refletir uma harmonia oculta entre o mundo interno (pensamentos, sonhos, intuições) e o mundo externo (acontecimentos reais).

Jung se inspirou em diversas áreas, como a física quântica, a teoria da serialidade e até a filosofia oriental, sugerindo que o universo pode operar sob princípios de conexão que ainda não compreendemos totalmente.

Categorias de sincronicidade

Conforme Jung, a sincronicidade pode se manifestar de diferentes formas, incluindo:

  • Coincidência entre pensamento e realidade simultânea: imaginar alguém que não vê há tempos e receber uma ligação dessa pessoa no mesmo instante, sem nenhuma causa aparente;
  • Relação entre experiência interna e evento externo: sonhar com uma situação específica (como uma despedida) e, no dia seguinte, descobrir que algo semelhante aconteceu na vida real;
  • Premonições ou pressentimentos não verificáveis no momento: ter uma forte sensação ou sonho sobre um evento futuro que ainda não ocorreu, como um aviso inconsciente sobre algo que só se confirmará mais tarde.

Exemplos de sincronicidade

Apesar de não ser um conceito comprovado pela ciência, a sincronicidade chama a atenção justamente por seus casos intrigantes, que parecem desafiar a lógica do acaso.

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Um dos relatos mais famosos vem do próprio Carl Jung, que durante uma sessão terapêutica ouviu um paciente descrever um sonho com um besouro dourado. No mesmo instante, um inseto semelhante (Cetonia aurata) bateu na janela do consultório.

Para o psiquiatra, esse evento não foi mero acaso, mas uma manifestação da conexão entre o inconsciente e a realidade externa.

Casos como esse sugerem que a sincronicidade pode surgir como um “espelho” de processos psíquicos profundos, especialmente em fases de crise ou transformação pessoal.

Até celebridades já viveram experiências assim. O ator Anthony Hopkins, ao se preparar para um papel no filme “A Garota de Petrovka”, passou horas procurando o livro homônimo sem sucesso.

No metrô, encontrou um exemplar abandonado no banco — que, meses depois, descobriu ser o próprio livro perdido pelo autor, George Feifer.

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Esses “acasos significativos” alimentam a ideia de que a sincronicidade pode ser um guia sutil, especialmente quando estamos em busca de respostas ou no caminho de grandes decisões.

Sincronicidade x profecia autorrealizável

A sincronicidade e a profecia autorrealizável são dois conceitos que, à primeira vista, podem parecer semelhantes, mas têm origens e mecanismos completamente diferentes.

Enquanto a sincronicidade descreve coincidências significativas sem uma conexão causal direta, a profecia autorrealizável é um fenômeno psicológico no qual nossas expectativas e ações inconscientes moldam a realidade.

A sincronicidade sugere uma harmonia misteriosa entre mente e universo, já a profecia autorrealizável mostra como nossas crenças podem, sem que percebamos, influenciar ativamente os resultados.

A profecia autorrealizável, estudada pelo sociólogo Robert K. Merton, ocorre quando uma crença inicialmente falsa leva a comportamentos que acabam confirmando essa mesma crença.

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Por exemplo, se alguém acredita que vai fracassar em uma prova, pode estudar menos ou ficar tão nervoso que realmente tem um desempenho ruim – confirmando, assim, sua previsão. Esse processo envolve três etapas:

  1. Ter uma crença equivocada;
  2. Agir de acordo com ela;
  3. Ver a realidade se ajustar a essa expectativa.

Diferente da sincronicidade, que não depende de ação humana, a profecia autorrealizável é criada justamente pela nossa influência inconsciente sobre os eventos.

Além disso, estudos apontam que a profecia autorrealizável muitas vezes anda de mãos dadas com o viés de confirmação, que é a tendência de buscar apenas informações que validam nossas crenças prévias.

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