Você já conversou com alguém que parece desviar o olhar quando fala com você? O contato visual é uma parte importante da comunicação, ajudando a criar conexão e confiança entre as pessoas.
No entanto, nem todo mundo se sente confortável em manter o olhar fixo no outro.
Alguns desviam os olhos com frequência, enquanto outros quase não erguem a cabeça. Isso não significa necessariamente falta de interesse ou educação. Existem vários motivos que podem levar uma pessoa a agir assim, de acordo com a psicologia. Confira:
1. Timidez e ansiedade social

Quando alguém evita olhar nos seus olhos durante uma conversa, isso pode chamar a atenção e até gerar dúvidas. Foto: Reprodução / Pexels
Pessoas tímidas ou com ansiedade social frequentemente evitam o contato visual devido ao desconforto em interações sociais.
Um estudo publicado no “Journal of Anxiety Disorders” demonstrou que indivíduos com ansiedade social tendem a reduzir significativamente o olhar facial durante conversas, especialmente em situações de baixa intimidade ou quando estão ouvindo.
Essa evitação é interpretada como uma estratégia para reduzir a sobrecarga emocional, já que o contato visual intensifica a autoconsciência e o medo de julgamento.
Em contextos como encontros românticos, por exemplo, a timidez pode ser ainda mais pronunciada, fazendo com que a pessoa desvie o olhar para gerenciar a ansiedade.
2. Nervosismo
A ausência de contato visual pode ser um sinal de nervosismo, especialmente em situações de alta pressão, como entrevistas ou primeiros encontros.
Em um artigo sobre comportamento nervoso e engano, publicado na revista “Frontiers in Psychology“, pesquisadores destacam que, embora as pessoas associem a evitação do olhar à desonestidade, ela está mais ligada ao desconforto emocional.
Indivíduos nervosos podem evitar olhar nos olhos do outro por medo de não causar uma boa impressão ou por insegurança. O estudo também desmistifica a ideia de que mentirosos desviam o olhar mais do que pessoas honestas.
3. Normas culturais diferentes
O significado do contato visual varia drasticamente entre culturas. Enquanto no Ocidente ele é associado à confiança e sinceridade, em culturas como as do Leste Asiático, desviar o olhar pode ser um sinal de respeito, especialmente ao interagir com figuras de autoridade.
Uma revisão publicada no “Journal of Nonverbal Behavior” analisou 109 estudos e confirmou que interpretações errôneas do contato visual são comuns em interações interculturais.
A pesquisa ressalta que metodologias rígidas de medição do olhar (como rastreamento ocular) muitas vezes ignoram o contexto cultural. Por exemplo, em algumas sociedades, manter o contato visual por muito tempo é considerado agressivo ou invasivo.
4. Introversão
Pessoas introvertidas podem evitar contato visual para gerenciar a energia emocional gasta em interações.
Uma pesquisa publicada na revista “Neuropsychologia” mostrou que indivíduos com traços neuróticos ou introspectivos se sentem sobrecarregados pelo contato visual direto, preferindo olhares breves ou indiretos.
Para eles, a evitação é uma forma de se proteger da sobrecarga sensorial ou de sentimentos de exposição excessiva. Além disso, introvertidos muitas vezes processam informações internamente, e o contato visual contínuo pode interferir nesse processo.
O estudo sugere que a necessidade de “recarregar” mentalmente em situações sociais faz com que eles usem estratégias como desviar o olhar para manter o conforto psicológico.
5. Reflexão ou divagação
Desviar o olhar durante uma pausa na conversa pode indicar que a pessoa está processando informações complexas.
Uma pesquisa publicada no “Journal of Experimental Psychology” descobriu que crianças e adultos tendem a evitar o contato visual quando respondem a perguntas difíceis, seja em interações presenciais ou por vídeo.
Isso sugere que a aversão ao olhar está mais ligada à carga cognitiva do que a fatores sociais. A pesquisa explica que reduzir estímulos visuais (como expressões faciais) permite concentrar recursos mentais na tarefa.
Em outras palavras, as pessoas não estão necessariamente desconfortáveis — estão simplesmente “olhando para dentro” para formular melhores respostas.