O que significa, para a Psicologia, “rir de nervoso” involuntariamente?

Chorar em um evento feliz ou 'rir de nervoso' em um momento trágico são manifestações que desafiam a lógica emocional esperada, mas podem ser explicados pela psicologia.

Em situações de extremo desconforto, o ser humano pode reagir de maneiras que parecem contraditórias — como rir diante do sofrimento alheio.

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Um dos exemplos mais intrigantes desse fenômeno ocorreu nos célebres experimentos de Stanley Milgram, nos quais os participantes eram levados a acreditar que infligiam choques elétricos dolorosos em outra pessoa.

Enquanto muitos demonstravam visível angústia, alguns, paradoxalmente, riam ao ouvir os gritos supostamente provocados por suas ações.

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Esse comportamento, conhecido como “riso nervoso”, é uma das muitas formas de expressão emocional incongruente — respostas afetivas que parecem destoar completamente do contexto.

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Mas, afinal, por que nosso cérebro produz reações aparentemente tão inadequadas e o que significa ‘rir de nervoso’ para a psicologia?

O que significa ‘rir de nervoso’?

É normal rir quando está nervoso, é normal rir de coisa séria, por que fico rindo quando estou nervosa, o que quer dizer rindo de nervoso, como parar de rir de nervoso.

Do ponto de vista psicológico, o riso nervoso não é simplesmente uma “falha” no processamento emocional, mas sim um mecanismo de regulação. Foto: Reprodução / Pexels

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Yale investigou o fenômeno de expressar emoções aparentemente contraditórias em situações intensas, como ‘rir de nervoso’ ou chorar de alegria.

estudo sugere que essas reações podem servir como um mecanismo de regulação emocional, ajudando a restaurar o equilíbrio quando as emoções atingem um pico muito alto.

Segundo os cientistas, ao manifestar uma emoção oposta àquela que está sendo vivida, o indivíduo pode “amortecer” a intensidade do sentimento original, evitando uma sobrecarga fisiológica e psicológica.

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A equipe liderada pela psicóloga Oriana Aragon baseou-se em um modelo amplamente aceito sobre como as pessoas processam emoções.

Por exemplo, ao receber uma notícia extremamente positiva, como ganhar na loteria, a reação esperada seria de felicidade intensa.

Contudo, em alguns casos, as pessoas também demonstram tristeza, como chorar ou fazer expressões faciais que não condizem com a alegria do momento.

Os autores acreditam que isso ocorre porque, quando uma emoção se torna avassaladora, o cérebro ativa uma resposta oposta para evitar que o indivíduo seja dominado por ela, mantendo assim o equilíbrio emocional.

‘Agressão fofa’ – outra expressão dimórfica de emoção

O mesmo estudo também explorou reações a estímulos positivos, como a fofura excessiva de bebês.

Participantes expostos a imagens de bebês com traços mais infantis (olhos e bochechas maiores, por exemplo) relataram sentimentos intensos de carinho, mas também impulsos agressivos, como querer “beliscar” ou “morder” o bebê.

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Os pesquisadores observaram que os participantes expostos a imagens de bebês mais infantis não só demonstraram maior desejo de proteção, mas também maior propensão a verbalizar ações agressivas lúdicas.

Isso indica que a agressão fofa não é hostil, mas sim uma forma de modular emoções positivas intensas. Curiosamente, esse comportamento não se limita a reações à fofura.

Estudos paralelos mostram que situações emocionalmente carregadas — como reencontros com entes queridos — também podem despertar respostas ambíguas, como chorar de alegria ou rir em momentos de tensão.

‘Rir de nervoso’ pode ser ruim?

Por fim, os psicólogos alertam que o riso nervoso, inicialmente usado para aliviar a tensão, pode se tornar uma resposta automática em situações de ansiedade, trazendo consequências negativas.

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Quando generalizado, esse mecanismo prejudica a regulação emocional, a tomada de decisões e a consciência do ambiente, afetando relacionamentos e gerando mal-entendidos.

Além disso, se incontrolável, pode ser sintoma de uma condição subjacente, exacerbando sentimentos de vergonha e isolamento.

Para lidar melhor com situações desafiadoras, é essencial manter o controle racional e escolher respostas reflexivas, em vez de automáticas, garantindo interações mais eficazes e equilibradas. Se necessário, é recomendado buscar ajuda especializada.

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