O costume de jantar mais cedo tem atraído cada vez mais atenção e gerado debates sobre seus possíveis impactos no cotidiano.
Essa mudança no horário da última refeição vem sendo adotada por diferentes pessoas, seja por questões de rotina, preferências pessoais ou pela busca de um estilo de vida mais equilibrado.
Além de influenciar hábitos alimentares, esse ajuste pode ter reflexos em diversas áreas, como a disposição ao longo do dia e a forma como o corpo responde à alimentação noturna.
Por que jantar cedo faz bem à saúde?

Jantar cedo pode trazer vários benefícios, como melhorar o sono, aumentar o desempenho diário, otimizar a digestão e fortalecer a saúde geral. Foto: Reprodução / Pixabay
Jantar cedo traz benefícios à saúde porque ajuda a manter um metabolismo adequado da glicose, conforme demonstrado por um estudo realizado pela Universidade Aberta da Catalunha e pela Universidade de Columbia, publicado na revista “Nutrition & Diabetes“.
A pesquisa aponta que consumir mais de 45% das calorias diárias após as 17h está associado a níveis elevados de glicose no sangue, mesmo em pessoas com peso saudável.
Isso ocorre porque o corpo tem menor capacidade de processar glicose à noite, quando a secreção de insulina diminui e a sensibilidade celular a esse hormônio é reduzida devido ao ritmo circadiano.
O estudo, liderado pela Dra. Diana Díaz Rizzolo, mostrou que altos níveis de glicose prolongados aumentam o risco de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e inflamação crônica.
Os participantes que consumiam a maior parte de suas calorias no final do dia apresentaram menor tolerância à glicose, mesmo ingerindo os mesmos alimentos e quantidades calóricas que aqueles que comiam mais cedo.
A conclusão é que o horário das refeições, por si só, influencia negativamente o metabolismo, independentemente da dieta ou do peso corporal.
“As escolhas individuais em nutrição sempre giraram em torno de dois aspectos essenciais: a quantidade de alimentos consumidos e a seleção dos ingredientes. No entanto, este estudo destaca um novo elemento fundamental para a saúde cardiometabólica: o horário em que nos alimentamos”, afirma Díaz Rizzolo.
Por que o horário das refeições importa?
Nosso corpo funciona como uma máquina sincronizada, guiada pelo ritmo circadiano — um relógio interno que regula o sono, a digestão e o metabolismo.
Durante o dia, enzimas e hormônios envolvidos na quebra de alimentos, como a insulina, trabalham com maior eficiência.
Por isso, um café da manhã nutritivo é processado de maneira mais equilibrada do que a mesma refeição à noite, quando o metabolismo naturalmente desacelera.
À medida que o sol se põe, o organismo se prepara para o repouso, reduzindo atividades digestivas. Nesse sentido, comer tarde exige que o corpo continue trabalhando quando deveria estar em modo de recuperação, o que pode levar a desconfortos como refluxo ou má digestão.
Além disso, a qualidade do sono pode ser afetada, já que o sistema digestivo em atividade interfere nos processos de relaxamento.
Portanto, a crononutrição, área que estuda a relação entre os horários das refeições e a saúde, reforça que alinhar a alimentação ao ritmo natural do corpo pode ser tão importante quanto escolher os nutrientes certos.