Você já se perguntou de onde vêm certas palavras da Língua Portuguesa? Existem várias expressões que, apesar de populares, seguem fazendo a cabeça de muitos falantes da língua. Uma delas é “ossos do ofício”, utilizada rotineiramente, mas sem que muitas pessoas saibam o motivo. Hoje, você vai conhecer a origem dessa expressão tão perpetuada no dia a dia dos brasileiros.
A junção “ossos do ofício” costuma ser empregada para designar tudo aquilo que, apesar de não trazer tanto prazer, ainda faz parte das obrigações diárias de um indivíduo. Normalmente, está presente em diálogos sobre a vida profissional, mas também serve para outros fins similares. Essa expressão popular alude ao desempenho de uma atividade desagradável, relacionada a determinada profissão ou tarefa.
O que quer dizer “ossos do ofício”?
Para entender ainda melhor, também é possível desmembrar a expressão e estudá-la com profundidade: a palavra “osso” indica algo indesejável, ou uma coisa que deve ser contornada na execução de uma tarefa. Por sua vez, o “ofício” designa um emprego, uma ocupação e obrigação. Desse modo, a expressão completa se relaciona à realização de uma tarefa incômoda, que exige um esforço extra.
Um exemplo ilustrativo dessa junção é um plantão médico em uma noite de natal ou de fim de ano, época em que boa parte dos trabalhadores estão de folga para ficar junto da família. Por ser uma missão imprescindível em qualquer sociedade, visto que a profissão é de grande importância em situações de emergência, até mesmo nessas datas a tarefa recai como “osso do ofício” sobre profissionais da saúde.
Origem do termo
Mas e o termo? Teria surgido de onde? Antes de mais nada, é preciso entender que nem sempre pode ser simples definir a origem de determinadas expressões. Afinal, muitas entram no inconsciente das pessoas enquanto ainda são crianças, e esse é o caso de “ossos do ofício”.
Contudo, essa em específico possui uma origem que pode até mesmo ser considerada curiosa. Antigamente, antes que o tamanho A4 das folhas se tornasse popular entre os papéis de escritório e entre os estudantes, o mais utilizado era o papel-ofício, que era um pouco maior: tendo 35cm de altura, contra os 29,7cm do A4.
Para deixar as folhas brancas como são vistas hoje, porém, os fabricantes costumavam usar pó de tutano, a substância presente no interior dos ossos do corpo, com propriedades alvejantes.
Não é difícil de imaginar que extrair em quantidades absurdas um material de dentro dos ossos para branquear blocos e mais blocos de papel seja um processo lento e exaustivo. Era ainda algo que ninguém gostaria de fazer, mas deveria, por ser parte do trabalho.
De acordo com o folclorista Câmara Cascudo, foi a partir daí que surgiu a expressão. Extrair pó de tutano de milhares de ossos era tão exaustivo quanto fazer um plantão no Natal, ou sair para fazer entregas debaixo de chuva forte: esses são, afinal, os verdadeiros “ossos do ofício”. Para realmente fixar o conteúdo, confira algumas frases com exemplos de uso da junção:
- Este ano vou estar de plantão na noite de Natal. Ossos do ofício.
- No meu emprego, atender clientes bêbados ou alterados são ossos do ofício.
- Isso são ossos do ofício. Não gosto de defender certos clientes, mas tenho de o fazer.