Com a digitalização da sociedade, as crianças crescem cercadas de telas e tecnologia. A educação também foi impactada por essa mudança e, hoje em dia, muitos lugares estão trocando os livros impressos por e-books que podem ser acessados em tablets e computadores.
Mas, qual é a melhor opção: ler livro físico ou digital? Pesquisadores responderam essa questão por meio de um estudo com mais de 450 mil pessoas de mais de dez países diferentes.
O que é melhor, ler livros impressos ou eletrônicos?
Segundo um estudo da Universidade de Valência (UV), coordenado por uma equipe interdisciplinar de pesquisa em leitura, as pessoas entendem melhor um texto quando o leem em papel do que em dispositivos digitais, como e-reader ou leitor digital.
A instituição informou que esses achados são inéditos na ciência, pois hoje em dia é cada vez mais comum o uso de novas tecnologias nas escolas e em outros ambientes educacionais.
A pesquisa foi conduzida por Pablo Delgado Cristina Vargas e Ladislao Salmerón da Faculdade de Psicologia, com a participação de Rakefet Ackerman do Instituto de Tecnologia de Israel, e contou com o apoio financeiro do projeto europeu COST E-READ e de um projeto do Ministério da Economia e Competitividade.
Por que um tipo de leitura é mais eficiente que o outro?
Esse “efeito de superioridade do papel” depende da “pressão do tempo”, que indica que a leitura em papel é mais eficiente quando feita com tempo limitado; e do “gênero textual”, que sugere que o formato papel é mais adequado para textos informativos do que para narrativos.
Salmerón afirmou que essa situação se acentua nas pessoas com menos de vinte anos e que “a geração que hoje tem dezesseis anos mostra um efeito de superioridade do papel maior do que o das gerações anteriores”.
“Para ficar claro”, completou Salmerón, “as novas gerações compreendem ainda mais no papel do que no digital, em relação às gerações anteriores”.
Outros estudos também afirmam que o cérebro prefere papel
Uma pesquisa feita por cientistas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul mostrou que os leitores de notícias impressas se lembram “muito mais” do que os de artigos online. Isso também tem a ver com a atenção.
Os estudiosos deram a um grupo de estudantes cópias de um jornal em papel e pediram a outro grupo que lesse o site do mesmo periódico. Os do primeiro grupo se lembraram mais e melhor da notícia depois.
Antes disso, pesquisadores noruegueses tinham encontrado resultados parecidos. Eles descobriram que estudantes adolescentes compreendiam melhor o que liam quando era em material escrito em papel do que em arquivos digitais em formato PDF. A diferença nesse caso também foi “significativa” entre os níveis de compreensão dos dois grupos.
Também um artigo de Ferris Jabr, publicado na revista especializada Scientific American, diz que “o cérebro prefere papel”. Uma de suas principais fontes é o trabalho de Maryanne Wolf, neurocientista da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, e autora do livro Proust e o Polvo: A História e a Ciência do Cérebro Leitor.
Wolf diz que o cérebro, de certa forma, “exige” a parte física da leitura: tocar o papel, cheirá-lo, ver todas as páginas, perceber como diminui o número de páginas que restam ler e como aumenta o volume do que já foi lido, aquela sensação que fica a cada vez que a pessoa vira uma página.
Ela também fala da questão “topográfica” da leitura: o cérebro vê o livro como uma espécie de mapa, com suas regiões e caminhos, e nesse sentido a memória visual tem um papel importante.
“A sensação implícita de onde alguém está em um livro físico é mais importante do que pensávamos”, diz o artigo de Jabr, concordando com o estudo citado anteriormente.