A gentrificação é um fenômeno urbano complexo, originário do termo inglês “gentry”, que se refere à nobreza ou alta burguesia.
Ruth Glass, pioneira nos estudos sobre o tema, já alertava para as consequências desse processo, especialmente o deslocamento involuntário das populações locais, que são pressionadas a deixar suas casas devido ao aumento dos custos de vida.
Atualmente, a gentrificação ganha destaque em debates urbanos devido a vários fatores que levam a reorganização espacial.
Embora a revitalização de áreas em declínio seja frequentemente citada como um fator, o conceito não se limita a isso. Continue lendo e entenda abaixo.
O que é gentrificação?
O termo “gentrificação” tem origem na década de 1960 e foi cunhado pela socióloga inglesa Ruth Glass.
Ele se refere a fenômenos de transformação urbana, relacionados aos processos de privatização de terras e à influência do mercado sobre as políticas e organizações públicas de planejamento urbano.
Isso ocorre quando áreas centrais das cidades passam por renovação urbana, muitas vezes com a chegada de moradores das camadas média e alta.
A principal consequência é o deslocamento das classes populares, que tradicionalmente residiam nessas áreas, para outras regiões.
O movimento desses indivíduos ocorre principalmente devido aos novos valores econômicos das rendas, que aumentam com a renovação urbana.
Além disso, há perda do sentido de pertencimento, modificação da cultura local e dificuldade em sustentar o novo custo de vida influenciado pelos novos negócios regionais.
Por que o termo está em evidência na América Latina?
Atualmente, esse fenômeno assume diferentes formas, especialmente em países latino-americanos. Essa dinâmica se manifesta em áreas com forte desigualdade social, como as grandes metrópoles, onde encontramos favelas e áreas centrais coexistindo lado a lado.
Estudos apontam que a intensificação da gentrificação na América Latina está intimamente ligada às políticas neoliberais implementadas nos últimos anos, que favorecem a especulação imobiliária e a privatização de áreas públicas.
Essa conjuntura cria um cenário propício para a ação de agentes como o Estado e os corretores imobiliários, que impulsionam o desenvolvimento urbano e a reconfiguração do espaço social.
No Brasil, a gentrificação se manifesta de forma evidente, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, porém não se limita a essas capitais.
Em diversas cidades, o processo se estende às áreas periféricas e suburbanas, com projetos de urbanização que podem resultar em remoções forçadas e deslocamento de comunidades.
Esse fenômeno coloca em evidência a necessidade de políticas públicas que promovam a justiça social e a inclusão urbana, garantindo o direito à moradia e o acesso à cidade para todos.
Algumas soluções possíveis para a gentrificação
Por fim, pesquisas destacam que algumas cidades focam em intervenções pontuais para minimizar o impacto da gentrificação, como a conversão de edifícios em conjuntos habitacionais de interesse social ou a criação de projetos arquitetônicos que integram moradia social em áreas renovadas.
Outras abordagens visam regular a gentrificação ao nível macro, por meio de planos de desenvolvimento urbano de longo prazo que incluam políticas de habitação inclusiva, programas de moradia a preços acessíveis e leis que protejam contra aumentos abusivos de renda em áreas reavaliadas.
Essa regulamentação pode incluir a participação cidadã no processo e a criação de fundos para habitação social, financiados por empresas que impulsionam a transformação urbana.