Uma espécie de tartaruga de água doce, que costumava viver no Rio Vermelho na China e em muitas partes do Vietnã na planície de inundação do Rio Yangtze, é atualmente o animal mais raro do mundo.
Mudanças climáticas, perda de habitat e outros fatores têm levado esta e outras espécies a um declínio drástico, ameaçando não sua sobrevivência e o equilíbrio natural da Terra.
É importante notar que a extinção de uma espécie pode desencadear efeitos imprevisíveis em toda a cadeia alimentar, colocando em risco a vida de outros animais e, consequentemente, o futuro do nosso planeta.
Qual é o animal mais raro do mundo?
A tartaruga-de-casco-mole de Swinhoe (Rafetus swinhoei) é a espécie mais rara do mundo, criticamente ameaçada de extinção.
Atualmente, existem apenas dois indivíduos conhecidos: um macho em cativeiro na China, com mais de 100 anos, e outro animal selvagem no Vietnã, cujo sexo ainda é desconhecido.
Essa tartaruga, que pode pesar entre 150 e 220 quilos, é a maior espécie de tartaruga de água doce do mundo, com um corpo achatado e um focinho pontudo que usa para respirar enquanto permanece quase totalmente submersa.
A destruição de seu habitat natural, causada pela construção de estradas, barragens e edifícios, além da poluição, levou a espécie ao limite da sobrevivência.
Outros fatores, como a caça para consumo de sua carne e ovos, o comércio ilegal como animal de estimação e o uso de suas partes na medicina tradicional chinesa, também contribuíram para o declínio populacional.
Esforços de conservação
Para reverter esse cenário, conservacionistas estão empenhados em encontrar mais indivíduos da espécie, a fim de iniciar programas de reprodução em cativeiro e garantir sua sobrevivência.
Na tentativa mais recente, um grupo de cientistas desenvolveu com sucesso um teste de DNA ambiental (eDNA) portátil e pioneiro para detectar a presença dessa espécie extremamente rara em grandes corpos d’água.
O teste foi elaborado por meio de uma colaboração entre o Programa de Conservação da Tartaruga Asiática da Índia e Mianmar (ATP-IMC), a Universidade Estadual de Washington, o WCS Zoological Health Program e outras instituições.
Como o teste funciona?
A tecnologia, baseada na reação em cadeia da polimerase quantitativa (qPCR), permite a detecção do DNA liberado pelas tartarugas por meio de urina, fezes e células da pele.
Inclusive, ela já demonstrou sucesso em detectar a presença da tartaruga-de-casco-mole de Swinhoe no Lago Xuan Khanh, no Vietnã, e está sendo aplicada em outros locais, como o Lago Dong Mo, nos arredores da capital vietnamita Hanói.
A portabilidade do teste é um avanço significativo, pois permite que pesquisadores realizem análises em tempo real no campo, sem a necessidade de enviar amostras para laboratórios especializados.
Isso não só acelera o processo de detecção, mas também reduz custos e aumenta a eficiência das buscas. Além disso, o método pode ser adaptado para outras espécies ameaçadas, oferecendo uma ferramenta valiosa para a conservação da biodiversidade.