Núcleo de Marte é menor do que se pensava, aponta estudo

Um novo estudo revelou que Marte tem um núcleo menor, sugerindo que o planeta vermelho é mais complexo do que se acreditava anteriormente.

Os cientistas estão cada vez mais empenhados em compreender a estrutura interna de Marte. Para fazer isso, eles estão usando dados de ondas sísmicas, como mostra um novo estudo, publicado na revista científica Nature. A investigação sugere que o núcleo do planeta vermelho pode ser diferente do que se acreditava anteriormente.

A informação vem da missão InSight da NASA, uma sonda projetada para estudar o território marciano. Equipada com um sismógrafo de alta sensibilidade que detecta e registra movimentos sísmicos em Marte, como tremores ou terremotos, ela registrou dados surpreendentes.

Como é o núcleo de Marte?

Os pesquisadores afirmam que o núcleo de ferro de Marte está provavelmente rodeado por uma camada completa de silicatos (rochas) derretidos. Em abril deste ano, outra investigação realizada pela InSight revelou que o núcleo marciano é completamente líquido, ao contrário do da Terra, que combina uma parte sólida e outra líquida.

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Além disso, foi descoberto que o interior do planeta vermelho não é composto apenas ou praticamente só de ferro, mas também contém enxofre e oxigênio, que são elementos leves, além de carbono e hidrogênio.

A presença desta camada de manto líquido também é consistente com os modelos da formação de Marte. Conforme estes modelos, o planeta formou-se a partir de um disco de detritos orbitando o Sol, que foi aquecido pela energia gravitacional e pela energia solar, causando o derretimento do material.

Num artigo que acompanha ambas as investigações na mesma revista, a cientista Suzan van der Lee, do Departamento de Ciências Planetárias da Northwestern University, descreve estes resultados como "as estimativas mais rigorosas e precisas obtidas até agora do manto e do núcleo de Marte."

Ela acrescenta ainda que estas descobertas "mostram que ao combinar observações sismológicas com conhecimentos sobre a formação e evolução dos planetas e dados sobre o tamanho, forma, rotação e campo magnético, podem ser obtidas informações valiosas sobre o passado e o presente de Marte e sua dinâmica futura".

Sobre a missão InSight

Ao contrário de outros robôs que exploraram Marte, como o Curiosity ou o Perseverance, o InSight ficou ancorado na superfície. Ele aportou em solo marciano em 2018 e no ano seguinte começou a tomar registros do planeta.

Seus radares e outros instrumentos permitiram documentar pela primeira vez sismos marcianos, chamados marsquakes, dos quais detectou mais de mil.

Com o seu instrumento SEIS (Experiência Sísmica para Estrutura Interior) registrou também as ondas sísmicas que passam pelo interior de Marte, algo que só foi possível realizar na Terra e na Lua.

No entanto, devido ao grande acúmulo de poeira, seus painéis solares deixaram de fornecer energia e a sonda parou de funcionar no final do ano passado.