De todos os processos geológicos em curso, um dos mais notórios está ocorrendo na África, onde uma fenda subterrânea gigantesca divide o continente em duas partes, dando origem a um ‘novo continente’. O chamado Grande Vale da Fenda (ou Vale do Rift) na África é a maior divisão continental do planeta e vem deformando a Terra.
Os geólogos não entendem muito bem porque isso está acontecendo, já que não se comporta como nenhuma outra rachadura no mundo. Entretanto, um recente estudo do Departamento de Geociências da Virginia Tech parece ter encontrado uma explicação.
Estudos explicam surgimento do ‘novo continente’ na África
O Grande Vale da Fenda, localizado na África Oriental, é uma fratura geológica impressionante que se estende por milhares de quilômetros de norte a sul. Diferentemente de outras fendas, as deformações nesta região ocorrem de forma perpendicular e paralela ao movimento das placas tectônicas.
As placas tectônicas são enormes blocos da crosta terrestre que se movem lentamente ao longo do tempo. Esses movimentos podem resultar em interações complexas, causando terremotos, formação de montanhas e até mesmo a abertura de grandes fissuras, como é o caso do Vale do Rift.
À medida que as placas se afastam, a crosta terrestre se estica e se rompe, criando um sistema de fraturas ao longo do vale. Essas falhas permitem o movimento das placas e, consequentemente, a ocorrência de terremotos frequentes na região.
Além dos terremotos, o Grande Vale da Fenda também é marcado por vulcões, lagos e paisagens impressionantes. A atividade vulcânica é comum nessa região devido à presença de pontos quentes e ao enfraquecimento da crosta terrestre.
Super pluma africana
Os geólogos explicam que essa deformação única sugere que a placa está sendo puxada em várias direções simultaneamente, algo incomum em outras áreas da superfície terrestre. Também foi ressaltado que essa modificação é resultado da atividade de uma corrente de calor chamada “Super pluma africana”.
Essa corrente de calor se origina nas profundezas da Terra, aquecendo a superfície. Ela consiste em uma massa de manto quente que se estende do sudoeste ao nordeste do continente africano.
Ao longo do seu percurso, essa massa de manto parcialmente derretida se torna mais rasa e permite que o manto abaixo se mova. É exatamente esse fluxo que está causando a deformação anômala paralela ao norte no Grande Vale do Rift.
Essas descobertas foram feitas por uma equipe de cientistas da Virginia Tech, que utilizou modelos 3D para entender melhor a formação e a evolução do Vale da Fenda.
Como a fenda foi descoberta?
Pesquisadores acreditam que essa divisão começou há alguns anos e, de acordo com estudos, em cerca de cinco milhões de anos, a África será dividida em dois continentes distintos.
A descoberta inicial ocorreu em 2005, após a erupção do vulcão Dabbahu, que abriu uma grande fissura em apenas cinco dias. Desde então, várias outras falhas têm surgido ao longo do Grande Vale do Rift. Essa divisão resultará na formação de um novo oceano, conforme sugerido por cientistas.
No Quênia, em 2019, uma enorme fissura apareceu, cortando um vale e interrompendo uma estrada importante na região. Essa fissura é um dos muitos pontos fracos ao longo da área.
A região está passando por um processo contínuo de divergência de placas tectônicas, o que levará à separação do continente em dois no futuro. Essa divisão é resultado da atividade geológica ao longo do Grande Vale do Rift, uma formação complexa de falhas tectônicas que se estende por mais de 6.000 km de norte a sul, desde o Chifre da África até Moçambique.
Embora o processo de divisão seja lento e ocorra em uma escala de tempo geológica, é um exemplo fascinante da dinâmica da Terra. A compreensão desses fenômenos geológicos pode nos ajudar a entender melhor a evolução do nosso planeta e as forças que moldam sua superfície ao longo do tempo.