O certo é empregar os substantivos “mostra” ou “amostra”? Ambas as maneiras estão corretas, mas o contexto da frase pode indicar a maneira mais adequada ou socialmente aceita de utilizar cada termo.
Descubra a seguir se existe diferença entre “mostra” e “amostra”. Confira também definições e exemplos de aplicação, além de uma dica infalível. Saiba, por fim, como o chamado uso consagrado pelos falantes influencia na hora de optar entre uma palavra e outra, nesse caso específico.
“Mostra” ou “amostra”?
Referência na gramática normativa, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define estes termos da seguinte maneira:
- MOSTRA (substantivo feminino) – ato, processo ou efeito de mostrar-se; aparência externa; aspecto físico; primeira impressão de alguma coisa; sinal; vestígio.
Exemplo: este frio outonal é apenas uma mostra do que o inverno deste ano nos reserva. - AMOSTRA (substantivo feminino) – ato ou efeito de amostrar-se; apresentação, demonstração, mostra, revelação; pequena porção de alguma coisa dada para ver, provar ou analisar, a fim de que a qualidade do todo possa ser avaliada ou julgada; porção ou miniatura de um produto que é oferecida ao consumidor potencial.
Exemplos: amostra de bebida, amostra grátis.
Você reparou que, na segunda linha da definição transcrita acima, o próprio Houaiss define “amostra” como sinônimo de “mostra”? Já o exemplo do vocábulo “mostra” também poderia ser substituído por “amostra”, segundo a chamada gramática normativa:
- Este frio é apenas uma mostra do que o inverno nos reserva (correto);
- Este frio é apenas uma amostra do que o inverno nos reserva (estaria igualmente correto).
“E agora, José?”, já dizia o poeta Drummond.
Bem, apesar de as principais gramáticas registrarem “mostra” e “amostra” como equivalentes, fato é que neste caso ocorre o que os estudiosos definem como “uso consagrado pela língua” ou “palavra consagrada pelo uso”.
“Consagrado pelo uso” indica que determinado vocábulo já é tão corriqueiro que faz a norma-padrão parecer errada, embora não esteja. Revela, sobretudo, que a linguagem é viva e dinâmica, de modo que nem todas as regras são ditadas pela gramática normativa, e sim pelo uso cotidiano e pelas escolhas da população no decorrer do tempo.
Assim, na prática, o que diferencia os substantivos “mostra” e “amostra” é muito mais a utilização pelos falantes do que alguma regra gramatical. Ambos são tradicionalmente empregados em contextos diferentes, daí o “uso consagrado”:
- MOSTRA é utilizada como sinônimo de EXPOSIÇÃO – Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Mostra de Dança, mostra de ciências da escola, mostra cultural etc.
Dica: note que “mostra” é geralmente utilizada para acontecimentos, eventos, contextos não palpáveis.
- AMOSTRA é utilizada como sinônimo de FRAGMENTO e/ou em contextos de PESQUISA – amostra grátis, amostra da população, amostra randômica, amostra do solo, amostra para pesquisa eleitoral, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE etc.
Dica: repare que “amostra” é empregada em contextos de pesquisa e/ou para coisas palpáveis.
Atenção, é hora da revisão: uma dica infalível para lembrar a diferença entre “mostra” e “amostra” é lembrar destes dois exemplos:
- mostra de cinema – impalpável;
- amostra de terra – palpável.
“Mostra” como conjugação de “mostrar”
Até aqui vimos quando empregar os substantivos “mostra” e “amostra”, mas vale lembrar que, a depender da frase, “mostra” será apenas um imperativo afirmativo. Também pode ser a conjugação na terceira pessoa do singular do verbo “mostrar” no presente do indicativo (eu mostro/tu mostras/ele-ela mostra). Exemplos:
- O mapa mostra quais regiões foram afetadas pelos deslizamentos;
- Dieese mostra que o salário mínimo deveria ser de R$ 6,5 mil;
- Mostra para esse time como se joga!
- Ela mostra, nessa aula, como realizar o cálculo;
- A criança mostra em quais dentes vem sentindo dor.