O conceito de inteligência tem intrigado a humanidade por séculos, levantando inúmeras perguntas sobre suas manifestações e características. Um desses questionamentos é se essa habilidade está correlacionada com a velocidade do pensamento. Será que quem é inteligente pensa mais rápido?
Um estudo recente publicado na revista científica Nature Communications busca responder a essa pergunta, explorando a complexa relação entre QI e processamento cognitivo. Confira suas descobertas abaixo.
Quem é inteligente pensa mais rápido?
O estudo, conduzido por pesquisadores do Instituto de Saúde de Berlim (BIH), do Hospital Universitário Charité e Gustavo Deco, da Universidade de Pompeu Fabra, em Barcelona, contou com uma ampla amostra de participantes e utilizou técnicas avançadas de neuroimagem. Seu objetivo era tentar discernir se a rapidez com que uma pessoa processa informações está diretamente ligada ao seu quociente de inteligência (QI).
Eles empregaram métodos para simular a conectividade cerebral dos indivíduos, mesclando-os com dados de imagens digitais (como exames de ressonância magnética) e percepções teóricas sobre processos biológicos por meio de modelos matemáticos.
Para a investigação, os pesquisadores trabalharam com dados de 650 participantes do Human Connectome Project, uma iniciativa dos Estados Unidos que investiga conexões nervosas cerebrais desde 2010. O intuito era compreender como essas ligações se comportavam durante desafios e descanso.
Resultados foram surpreendentes
Os cientistas observaram que os participantes mais inteligentes demonstraram ter maior sincronização entre diferentes partes do cérebro. Isso os ajudou a resolver rapidamente os desafios simples.
No entanto, quando os problemas se tornaram mais complexos, eles se destacavam pela paciência de esperar até que todas as áreas do órgão concluíssem o processamento necessário. Por outro lado, aqueles com menor sincronização cerebral tendiam a tirar conclusões precipitadas.
Isso contradiz a ideia comum de que maior inteligência está relacionada a um pensamento mais rápido. Em situações complexas, é importante equilibrar velocidade e precisão para tomar decisões mais precisas.
Por fim, os autores da pesquisa esperam que os modelos de simulações de rede cerebral individual, aprimorados no estudo, possam favorecer o desenvolvimento de tratamentos personalizados para casos de doenças neurodegenerativas.
A tecnologia de simulação aprimorada também pode servir para planejar intervenções médicas, como cirurgias, medicamentos ou estimulação cerebral, demonstrando qual seria o mais eficaz para um paciente específico, minimizando os efeitos colaterais.