A Língua Portuguesa é repleta de termos que possuem uma sonoridade semelhante na linguagem oral, mas são distintos na linguagem escrita. Este é o caso de “houve” e “ouve”, que possuem diferenças na utilização, ainda que sejam formas corretas de escrever essas expressões. Acima de tudo, aprender a adotá-las corretamente é fundamental para se manter na norma culta do idioma.
Além disso, esse tipo de confusão e erro recorrente afeta a credibilidade do falante, pois demonstra pobreza de vocabulário e pouco conhecimento das regras gramaticais do Português falado no país. Em todos os casos, existem algumas dicas que podem auxiliar a aprender de uma vez por todas e evitar confusões no futuro. Saiba mais informações a seguir:
Qual é a diferença entre “houve” e “ouve”?
Em primeiro lugar, “houve” é a forma conjugada do verbo haver na primeira ou na terceira pessoa do singular, como parte do pretérito perfeito do indicativo. Por sua vez, ouve é uma das formas conjugadas do verbo ouvir, de modo que ambos sejam estruturas verbais, mas tenham significados diferentes entre si.
1) Houve
O verbo haver se refere ao ato de acontecer, de ter existência, de estar presente, fazer, decorrer, recuperar, julgar, comportar ou entender. No entanto, pode ser adotado também com o sentido de ter ou existir. Na sua forma de verbo impessoal, sem sujeito, significa existir e deverá ser conjugado sempre na terceira pessoa do singular.
Por definição, o verbo impessoal é aquele que não possui sujeito, e por isso não pode ser utilizado no plural. Contudo, ao ser substituído por verbos como exigir, acontecer ou ocorrer, é possível conjugá-lo, porque se tratam de verbos pessoais.
Por outro lado, quando é adotado como verbo auxiliar, com significado equivalente a ter, pode ser conjugado nas demais pessoas do discurso. Curiosamente, a forma conjugada “houve” na primeira pessoa do singular tem uma utilização inexistente, porque só pode ser utilizado nos momentos em que o verbo haver tiver sentido equivalente ao verbo ter.
No caso das locuções verbais, o verbo haver transmite impessoalidade ao auxiliar, por isso ambos permanecem no singular. No geral, o verbo haver costuma ser adotado com o sentido de existir ou acontecer, mas também para transmitir a ideia de tempo. Confira alguns exemplos para entender essa utilização:
- Houve um corte inesperado nas bolsas de estudo.
- Houve várias discussões na escola por conta dessa notícia repentina.
- Houve problemas que nunca foram resolvidos pelo poder público.
- Não fique assim, houve acidentes na estrada para cá.
- Até onde eu sei, houve muitos assaltos na última noite.
2) Ouve
O verbo ouve é a forma conjugada do verbo ouvir na terceira pessoa do singular no presente do indicativo ou na segunda pessoa do singular do imperativo. Apesar disso, parte de um verbo irregular que não se encaixa nos modelos padrões de conjugação verbal, uma vez que possui alterações nos radicais e também nas terminações sempre que é conjugado.
Neste caso, é utilizado como sinônimo para escutar, perceber, apreciar, acatar, obedecer, seguir, interrogar, considerar e afins. Basicamente, a definição está associada tanto ao entendimento através do sentido da audição e do aparelho auditivo como o ato de prestar atenção aos sons. Em outros contextos, refere-se à atitude de obedecer a um conselho, ordem ou advertência.
Pode referir-se ao ato de atender no sentido de oferecer atenção, suporte e apoio. No sentido de Ouvidoria, relaciona-se com o trabalho desempenhado por esse tipo de órgão no apoio aos membros de uma instituição.
No aspecto jurídico, ouvir está ligado com a ideia de receber um depoimento, inquirir ou escutar as testemunhas. Como verbo intransitivo, é uma maneira de ser reprovado, receber uma repreensão ou bronca. Confira alguns exemplos para fixar essas utilizações:
- Ela ouve as conversas dos vizinhos por trás das portas.
- Você sabe quem ouve as reclamações dos estudantes?
- Quem ouve mais consegue entender melhor o conteúdo.
- Ele ouve muito bem, mas é péssimo aconselhando.