Desde tempos antigos, pais têm criado tradições e costumes para ajudar seus filhos a lidar com a perda dos dentes de leite e a aliviar suas preocupações. Uma dessas crenças é guardar o dente embaixo do travesseiro para ser trocado pela fada do dente por uma moeda ou outra recompensa.
Além disso, muitos países possuem suas próprias tradições sobre essa fase da vida, todas com o objetivo de tornar o evento mais emocionante e ajudar a criança a superar o medo.
Por que guardamos o dente de leite para a “fada do dente”?
A história da fada do dente é disseminada em diversas partes do mundo. A criatura mágica é famosa por recolher dentes de leite que as crianças deixam debaixo do travesseiro durante a noite. Em troca, de acordo com a crença, ela geralmente deixa uma pequena quantia de dinheiro ou presente pela coragem do baixinho.
Suas origens remontam há séculos atrás, mas a tradição ganhou mais reconhecimento após a publicação do livro “A Fada do Dente”, de Lee Rogow, em 1949. Esta figura se tornou um símbolo cultural, ajudando a transformar a perda de dentes de leite em uma experiência divertida e menos assustadora para as crianças.
Outras tradições ao redor do mundo
No Brasil, os pais costumavam guardar os dentes de leite dos filhos em caixinhas ou colá-los no livro do bebê, como recordação da infância.
Já em outros lugares, é bastante comum que as crianças joguem seus dentes de leite como um gesto simbólico para incentivar o crescimento dos novos dentes. Essa tradição varia em diferentes culturas:
- No Japão, por exemplo, as crianças jogam os dentes inferiores para o céu e os superiores para o chão, acreditando que a trajetória e a posição do dente influenciarão para que os novos cresçam retos e uniformes;
- Nos países do Oriente Médio, como Egito, Jordânia e Palestina, os dentes perdidos são jogados ao sol, com a esperança de que os novos dentes sejam melhores;
- Na República Dominicana, Botsuana e Etiópia, é comum ver as crianças jogarem os dentes nos telhados, acreditando que um rato virá buscá-los e substituí-los por dentes fortes de roedor;
- Na Áustria, as crianças frequentemente jogam os dentes para cima ou para baixo da casa, ou transformam-nos em pequenos chaveiros;
- Na Nigéria, os dentes são deixados no sótão enquanto uma frase é recitada para evitar que o rato coma o dente, pois isso impediria o crescimento do novo dente;
- Em algumas partes da Europa, as crianças enterram os dentes no chão para que eles cresçam novamente na boca;
- Na Ucrânia, os dentes são enrolados em um pano e colocados fora do alcance da luz, acompanhados de uma frase: “Tire meu dente velho e deixe-me um novo!”;
- Por fim, na Índia, Coreia e Vietnã, os dentes inferiores são colocados no teto e os superiores sob as tábuas do chão, incentivando o crescimento contínuo de novos dentes.
O que a ciência diz sobre guardar os dentes de leite?
Guardar os dentes de leite dos filhos não é apenas uma tradição cultural, mas também pode ter um importante valor científico e médico. Estes dentes contêm células-tronco, encontradas na polpa dentária, que possuem a capacidade de se transformar em diferentes tipos de células do corpo, ajudando a reparar tecidos danificados.
As células-tronco adultas, presentes em várias partes do corpo, são fundamentais para a regeneração de tecidos. Elas são utilizadas em pesquisas e tratamentos para doenças graves como Parkinson, Alzheimer, diabetes mellitus tipo I e alguns tipos de câncer.
Adicionalmente, podem ser usadas para regenerar a medula óssea após tratamentos, reparar danos cardíacos após um ataque cardíaco, realizar transplantes de pele, regenerar o fígado e neurônios, e até mesmo regenerar sangue, ossos e córneas. Por isso, conservar os dentes de leite pode ser uma boa estratégia para tratamentos de medicina regenerativa no futuro.
Essas células podem ser armazenadas em bancos especializados, onde são mantidas em câmaras de criopreservação com nitrogênio líquido. Isso deve ser feito rapidamente, idealmente dentro de 48 horas após a queda ou extração do dente, para garantir a viabilidade de uso posterior.