Extinta há mais de 10 mil anos, espécie de lobo é “recriada” por cientistas

A mais nova empreitada do mundo da ciência pode mudar o que a humanidade sabe a respeito de espécies extintas.

A fauna do planeta já passou por inúmeras transformações ao longo dos milênios, marcadas por processos naturais, mudanças climáticas e, mais recentemente, pela ação humana.

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Nesse sentido, entre as muitas espécies que desapareceram nesse percurso, algumas chamam a atenção não apenas por sua importância ecológica, mas também pelo fascínio que ainda despertam.

Uma dessas espécies, inclusive, acaba de ganhar um novo capítulo na história da ciência: um antigo tipo de lobo, extinto há mais de 10 mil anos, pode deixar o passado para retornar ao presente.

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Recentemente, pesquisadores conseguiram recriar o animal por meio de avançadas técnicas genéticas, reacendendo debates sobre conservação, biotecnologia e os limites da intervenção humana na natureza.

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Mas qual seria esse lobo? E como isso seria possível? Entenda mais sobre essa fascinante conquista científica e o que isso pode mudar no mundo animal.

A espécie de lobo que foi recriada em laboratório

Lobo-terrível, Lobo, Extinto

Até o momento, cientistas conseguiram recriar três filhotes da espécie lobo-terrível. Foto: Reprodução / Pexels

A ciência pode estar prestes a lidar com a primeira desextinção de uma espécie na história da humanidade: há pouquíssimo tempo, a Colossal Biosciences, uma empresa americana de biotecnologia e engenharia genética, anunciou que conseguiu recriar o lobo-terrível, ou dire wolf.

Extinto há mais de 10 mil anos, o lobo-terrível teria sido “recriado” a partir do nascimento de três filhotes com sucesso, que foram trazidos de volta com o uso de DNA antigo, extraído de restos fossilizados.

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A primeira dupla, batizada de Rômulo e Remo, como os personagens da mitologia romana que fundaram a cidade de Roma, nasceu em 1º de outubro de 2024. Já o terceiro filhote, Khaleesi, nasceu em 31 de janeiro de 2025.

Para entender melhor sobre a espécie, os lobos-terríveis eram animais visualmente semelhantes aos chacais e aos lobos cinzentos, mesmo que tivessem uma linha genética diferente. Nativos da América do Norte, seu registro mais antigo data de 250 mil anos atrás.

O nascimento desses bichos seria a prova de que é possível fazer algo como reviver espécies a partir da modificação de características de animais que ainda estão na Terra.

Contudo, de acordo com muitos especialistas em sequenciamento genético, ainda é cedo para afirmar que trazer animais extintos de volta à vida é algo absolutamente concreto.

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Afinal, o artigo que descreve a pesquisa ainda não foi publicado em nenhuma revista científica, muito menos revisado por pares. O que foi documentado até então está disponível no site da Colossal.

O processo

Para trazer o lobo-terrível para o século XXI, a Colossal não recriou integralmente o DNA do animal.

Isso foi feito a partir da edição genética do material de lobos modernos, alterando cerca de 20 regiões do genoma para que pudessem obter as características da espécie original.

Como isso funciona? Basicamente, os filhotes não são réplicas exatas dos lobos-terríveis de 10 mil anos atrás. Eles são, na verdade, híbridos geneticamente modificados, que têm como base fragmentos de seu DNA ancestral.

Esses fragmentos, por sua vez, foram encontrados em poços de La Brea, que é um sítio de piche em Los Angeles, nos EUA.

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O local é extremamente valioso para a arqueologia e a paleontologia, já que o piche cria armadilhas naturais que, ao longo dos milênios, aprisionaram animais, plantas e artefatos humanos.

Esse é um conservante natural que preserva ossos, sementes, penas, peles e vários outros materiais orgânicos sem degradação.

A reconstrução do genoma foi feita a partir de um DNA antigo, encontrado em fósseis com cerca de 11,5 mil e 72 mil anos de idade.

O material, porém, estava comprometido; de modo que fosse possível aproveitar as peças encontradas, uma equipe de mais de 50 cientistas examinou 46 restos mortais do lobo, recuperando 0,1% do genoma.

A técnica de clonagem utilizada também foi menos invasiva: os cientistas não extraíram células diretamente do tecido, por exemplo, preferindo coletar células do sangue de um lobo-cinzento comum.

A partir de então, foram editados exatos 14 genes-chave dessas células, de modo que pudessem corresponder ao DNA dos lobos gigantes, mas sem inserir o material genético antigo.

Os núcleos editados, por sua vez, foram implantados em óvulos sem núcleo, gerando embriões gestados por cadelas mestiças saudáveis e de grande porte.

E foi assim que Rômulo, Remo e Khaleesi vieram ao mundo. Atualmente, os mais velhos já têm cinco meses de idade e vivem em um centro de preservação da vida selvagem não informado nos Estados Unidos.

O projeto da Colossal Biosciences

A Colossal Biosciences foi fundada em 2021 com o objetivo de retornar ao mundo animais extintos, mas em versões modificadas, de modo que pudessem buscar o equilíbrio ambiental.

A empresa trabalha especialmente para “recriar” o mamute peludo, o lobo-terrível, o tigre da Tasmânia, o pássaro dodô e o rinoceronte branco do Norte.

De acordo com eles, seu serviço é intrinsecamente ambiental. Atualmente, o aquecimento global tem aumentado as temperaturas na tundra da Sibéria e da América do Norte, o que acelera a liberação de grandes volumes de dióxido de carbono na atmosfera.

A tundra, inclusive, está no momento ocupada principalmente por musgo, sendo que na época do mamute havia pastagens.

Para os biólogos da Colossal, esse animal desempenhava um papel fundamental nesse ecossistema, mantendo o pasto ao remover o musgo, derrubar árvores e fertilizar o solo com seus excrementos.

Basicamente, a ideia é retornar esses animais para o mundo e restaurar o equilíbrio do planeta, ajudando a conter emissões de dióxido de carbono.

Desde sua criação, a empresa já arrecadou bilhões de dólares. Avaliações de mercado indicam que a Colossal vale pelo menos US$ 10 bilhões, que equivalem a cerca de R$ 58 bilhões.

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