As aves são verdadeiros prodígios da natureza. Com uma diversidade de espécies impressionante, elas dominam os céus, a terra e até a água, adaptando-se aos mais variados ambientes.
Desde pequenos beija-flores, capazes de bater as asas a velocidades inacreditáveis, até imponentes águias que caçam com precisão cirúrgica, esses animais são exemplos de resistência, inteligência e habilidade.
Mas, entre todas as suas incríveis características, talvez o voo seja a mais fascinante. Enquanto algumas aves percorrem distâncias continentais em migrações épicas, outras desafiam a gravidade, planando por horas sem bater as asas ou voando a velocidades estonteantes.
E, de todas elas, existe uma recordista absoluta, capaz de passar até 10 meses no ar sem pousar. Mas como isso seria possível? Quais adaptações permitiriam esse feito extraordinário? Entenda mais sobre essa espécie formidável e sua jornada nos céus abaixo.
A ave que consegue ficar até 10 meses voando sem pousar
A tal ave recordista que consegue ficar até 10 meses voando sem pousar é o incrível andorinhão-preto. Esse é um pequeno pássaro de plumagem escura, e seu tempo no ar é o maior já registrado por qualquer ave conhecida no planeta.
O feito foi oficializado por um estudo, publicado na revista científica Current Biology, confirmando uma hipótese formulada pela primeira vez há mais de 50 anos por Ron Lockley, um pesquisador britânico que propôs a possibilidade de essas aves passarem a maior parte de suas vidas no ar.
Para descobrir esse feito, uma equipe de pesquisadores equipou 13 pássaros dessa espécie com pequenas mochilas contendo dispositivos que registravam se eles estavam voando ou não.
Da mesma forma, os aparelhos marcavam sua aceleração e onde poderiam ter passado em um determinado momento.
Na pesquisa, foi descoberto que, quando os andorinhões deixam seu local de reprodução em agosto para migrar para as florestas tropicais da África Central, viajando pela África Ocidental, eles não tocam o solo até voltarem para a próxima estação de reprodução, 10 meses depois.
Alguns desses pássaros podem até mesmo se empoleirar por um breve momento, ou por noites inteiras no meio do inverno, mas a maioria sequer aterrissa nesse período, passando um total de 99,5% dos 10 meses no ar.
Até hoje, ainda não se sabe como ou se os pássaros sequer dormem durante esse tempo. Contudo, já foi sugerido que eles tirem pequenas sonecas voando a grandes altitudes, sempre ao amanhecer e ao anoitecer, o que faz com que desçam lentamente.
Durante o dia, os andorinhões poupam energia, planando nas correntes ascendentes de ar quente. Já outros tipos de aves, como as fragatas, conseguem dormir enquanto planam.
Características do andorinhão-preto
O andorinhão-preto é um pássaro pequeno, medindo aproximadamente 17 centímetros de comprimento e 50 cm de envergadura.
Ele pode ser identificado por sua plumagem escura com manchas brancas ou cinzas no pescoço, que só podem ser notadas de perto.
Essa ave tem asas aerodinâmicas e curvas, e a cauda é dividida em dois pontos, como uma meia-lua. Suas patas são curtas e sem garras, mas bastante fortes, capazes de agarrar superfícies verticais, e seu bico é pequeno.
O comportamento do andorinhão-preto pode ser definido de forma absoluta pela maneira como ele se comporta no ar. Não é à toa que seu nome científico signifique “sem pés”, uma ode aos seus costumes aéreos.
Esse pássaro come, dorme e até mesmo copula no céu. Seu corpo é especialmente adaptado para o voo, e o pouso só ocorre para colocar os ovos, incubá-los e criar os filhotes.
Em relação aos hábitos alimentares, os andorinhões são uma espécie insetívora, ou seja, alimentam-se exclusivamente de insetos.
Para isso, eles capturam suas presas em pleno voo, e suas principais fontes de alimentação são insetos coloniais que voam em enxames e plâncton aéreo, ou aeroplâncton, que corresponde a todos os organismos vivos que flutuam no ar.