Ao contrário do que muita gente pensa, a felicidade não é um objetivo final a ser atingido, mas sim algo que podemos cultivar ao longo da nossa jornada. No entanto, esse caminho nem sempre é fácil e tranquilo. Enfrentamos obstáculos e problemas ao longo da vida, que podem nos oprimir, e nos deixar infelizes. Mas, com qual idade atingimos o ápice da tristeza e frustração?
Para responder esta pergunta, um pesquisador da Universidade de Hanover e do Dartmouth College realizou um estudo, no qual analisou mais de 130 países com diferentes condições de vida, e contou com a participação de mais de meio milhão de pessoas, que foram entrevistadas sobre seu bem-estar e felicidade; e a descoberta foi surpreendente.
Com qual idade atingimos o ápice da tristeza e frustração?
A pesquisa mostra que existe uma “curva de felicidade em forma de U” ao longo da vida. Segundo a pesquisa publicada na revista ‘National Bureau of Economic Research’, os seres humanos têm dois picos de felicidade: na juventude e na velhice.
Portanto, a idade de maior infelicidade está entre 47 e 48 anos. Esses resultados são consistentes em países ricos e pobres, e o estudo sugere que isso está relacionado a um “sentimento enraizado nos genes”.
O pesquisador que conduziu a investigação, David Blanchflower, explicou que, aos 47 anos, as pessoas se tornam mais realistas e percebem os objetivos que não alcançaram. No entanto, após os 50 anos, as pessoas passam a ser mais gratas pelo que têm.
Isso faz parte de um processo de amadurecimento no qual aprendemos a valorizar mais as coisas. Assim, a ideia de ter um futuro grandioso se transforma em uma visão mais realista, inclinada ao otimismo.
Seria esta a crise da meia-idade?
A fase conhecida como meia-idade ocorre aos 49 anos, e pesquisas realizadas na Austrália confirmam essa percepção, mostrando que entre os 45 e 54 anos, não apenas o nível de felicidade, mas também a satisfação com a vida diminuem. Nessa fase, cerca de 73% das pessoas reconhecem sentir-se insatisfeitas. No entanto, a partir dos 65 anos, a satisfação com a vida tende a aumentar.
Esse fenômeno não é novo. Já em 1965, o psicanalista e cientista social canadense Elliot Jaques introduziu o conceito de crise da meia-idade para descrever uma queda no nível de felicidade e satisfação com a vida, acompanhada de um sentimento de nostalgia pela juventude e medo de um futuro incerto.
Um estudo mais recente da Universidade de Greenwich revelou que 46% dos homens e 59% das mulheres admitiram ter passado pela crise da meia-idade entre os 40 e 49 anos. Essa crise regulatória pode ser a principal razão pela qual nos sentimos mais insatisfeitos nessa fase.
Durante esse período da vida, é comum ocorrerem importantes transformações psicológicas que afetam a forma como nos vemos e nos relacionamos com o mundo. Se não gerenciarmos essas mudanças adequadamente, podemos acabar em um estado de insatisfação e perda.
O que gera tanta infelicidade?
O estudo também revela que o dinheiro e o valor da renda são um dos principais fatores que causam infelicidade após os 40 anos. Esse efeito é ainda mais acentuado para pessoas desempregadas, pobres ou com baixo nível de educação.
É importante ressaltar que essa pesquisa foi realizada em uma geração específica que vivenciou todas as fases da vida. Os cientistas destacam que essa tendência pode mudar completamente dependendo das gerações, pois cada uma tem estilos de vida diferentes para cada faixa etária.
Portanto, não se pode garantir que a sociedade seguirá esse padrão, especialmente considerando a influência que as inovações tecnológicas têm nas pessoas mais jovens.