A formação da personalidade é um assunto que gera curiosidade e debates. Estudos indicam que ela se desenvolve ao longo da vida, mas a infância é considerada uma fase essencial nesse processo.
Durante os primeiros anos, fatores biológicos, como a genética, interagem com influências externas, como educação, cultura e experiências vividas.
Essa combinação molda traços emocionais, comportamentais e cognitivos que se consolidam com o tempo. Entenda como essa dinâmica funciona e o que a ciência revela sobre o tema.
Em qual fase da vida a nossa personalidade é definida?

Estudo que analisou o comportamento de crianças afirma que nossa personalidade está totalmente desenvolvida aos 7 anos de idade. Foto: Reprodução / Pixabay
A personalidade humana começa a se formar desde os primeiros anos de vida, mas um estudo da Universidade da Califórnia em Riverside (UCR) sugere que, aos 7 anos, os principais traços de personalidade já estão definidos.
Pesquisadores analisaram dados de crianças que frequentavam a primeira série na década de 1960 e, ao reavaliá-las 40 anos depois, descobriram que características como fluência verbal, adaptabilidade e impulsividade permaneceram consistentes ao longo do tempo.
Isso indica que, embora a personalidade possa sofrer mudanças ao longo do tempo, suas bases estão firmemente estabelecidas ainda na infância.
O papel das habilidades verbais
O estudo também destacou que crianças que demonstravam habilidades verbais avançadas na primeira série tendiam a se tornar adultos mais assertivos e inteligentes, capazes de lidar com situações de controle.
Por outro lado, aquelas com menor fluência verbal apresentavam maior probabilidade de buscar orientação externa e enfrentar situações sociais embaraçosas na vida adulta.
Esses achados reforçam a ideia de que os traços de personalidade observados nos primeiros anos escolares podem prever comportamentos futuros, destacando a influência duradoura das características desenvolvidas nessa etapa da vida.
A personalidade realmente pode mudar?
A ideia de que a personalidade é fixa e imutável foi questionada por Carol Dweck, psicóloga da Universidade de Stanford, em um artigo publicado no periódico “Current Directions in Psychological Science“.
Ela explica que, embora estudos com gêmeos mostrem semelhanças impressionantes, isso não significa que a personalidade seja totalmente determinada pelos genes.
A psicóloga argumenta que há uma “área intermediária” fundamental, onde crenças e mentalidades desenvolvidas ao longo da vida podem moldar e até alterar traços de personalidade.
Por exemplo, a forma como uma pessoa enxerga a inteligência — como algo fixo ou mutável — pode influenciar seu comportamento e motivação. Dweck destaca que as chamadas “mentalidades fixas” e “de crescimento” também influenciam a personalidade.
Pessoas com mentalidade fixa tendem a evitar desafios e focam em provar sua inteligência, enquanto aquelas com mentalidade de crescimento são mais propensas a aprender e se recuperar de fracassos.
A pesquisa enfatiza que, ao mudar essas crenças, é possível melhorar a motivação, o desempenho acadêmico e até mesmo habilidades sociais e profissionais, mostrando que a personalidade é mais flexível do que muitos imaginam.