A Terra já passou por diversas mudanças geológicas ao longo de sua história, que afetaram a vida e o clima do planeta. Uma delas é a formação e a separação dos continentes, que ocorre devido ao movimento das placas tectônicas.
Segundo um estudo publicado na revista Nature, esse movimento poderá extinguir os humanos e os mamíferos da face do planeta, em um futuro distante.
O que poderá extinguir os humanos da Terra?
Pangea Última é o nome dado a uma possível configuração futura dos continentes, que se juntariam novamente em um único bloco, cercado por um único oceano.
Esse cenário é baseado em projeções feitas a partir do movimento atual das placas tectônicas, que se deslocam cerca de 2 a 10 centímetros por ano.
Segundo os cientistas da Universidade de Bristol, no Reino Unido, Pangea Última poderia se formar daqui a cerca de 200 milhões de anos, e seria o resultado da colisão da América do Norte com a África, da América do Sul com a Europa, da Austrália com a Ásia e da Antártida com a Índia.
O professor associado sênior da Universidade de Bristol, Alexander Farnsworth, declarou que o recém-formado supercontinente resultaria em um golpe triplo, envolvendo os efeitos da continentalidade, um aumento na temperatura solar e um aumento de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera.
Ele enfatizou que as temperaturas extremas, atingindo entre 40 e 50 graus Celsius, juntamente com elevados níveis de umidade, levariam à impossibilidade dos humanos e de muitas outras espécies de dissipar o calor por meio do suor, resultando em fatalidades devido à falta de alimentos e água para os mamíferos.
Como esse evento poderia acabar com a vida na Terra?
A formação deste supercontinente teria consequências catastróficas para a vida na Terra, especialmente para os humanos e os mamíferos. Segundo o estudo, o fenômeno provocaria uma série de eventos que alterariam drasticamente o clima, a biodiversidade e a geografia do planeta. Entre esses eventos, estão:
Redução da superfície oceânica
Isso diminuiria a evaporação da água e, consequentemente, a formação de nuvens e de chuvas. Com efeito, levaria a uma maior aridez e desertificação do interior do supercontinente, afetando a vegetação, a agricultura e a disponibilidade de água potável.
Elevação das cadeias montanhosas
Resultado da colisão das placas tectônicas, isso aumentaria a altitude e a variação de temperatura do supercontinente, criando zonas de frio extremo e de calor intenso, que dificultariam a adaptação e a sobrevivência dos seres vivos.
Intensificação da atividade vulcânica e sísmica
Causada pela pressão e pelo atrito das placas tectônicas, isso provocaria erupções, terremotos, tsunamis e outros desastres naturais, que destruiriam cidades, infraestruturas e ecossistemas.
Alteração das correntes marítimas
As correntes marítimas seriam afetadas pela mudança na distribuição dos continentes e dos oceanos, o que modificaria o transporte de calor e de nutrientes pelo planeta, afetando o clima, a pesca e a biodiversidade marinha.
Extinção de espécies
Isso seria provocado pela perda de habitats, pela competição por recursos, pelas mudanças climáticas e pelos desastres naturais. Esse conjunto de fatores reduziria a diversidade genética, a resiliência e a capacidade de adaptação dos seres vivos.
Diante desses cenários, os humanos e os mamíferos teriam poucas chances de sobreviver, pois dependeriam de tecnologias avançadas, de cooperação internacional e de medidas de conservação e de mitigação para enfrentar os desafios impostos por Pangea Última.
Caso contrário, eles poderiam ser extintos, assim como ocorreu com os dinossauros há 66 milhões de anos, quando um grande meteoro atingiu a Terra e provocou uma mudança climática global.
Como evitar que o planeta fique inabitável?
O grupo de cientistas internacionais alerta sobre as perspectivas sombrias para o futuro devido às emissões de gases com efeito de estufa.
A pesquisadora de mudanças climáticas, Eunie Lo, destaca a importância de atingir emissões líquidas zero rapidamente, considerando que já enfrentamos calor extremo prejudicial à saúde humana.
O estudo, apoiado pelo Natural Environment Research Council do Reino Unido, destaca a urgência de agir diante da crise climática atual. Além disso, especialistas, como o professor Willian Rees, preveem uma “correção” demográfica global neste século, com uma possível queda nas taxas populacionais e adaptação aos recursos da Terra para os sobreviventes.