É verdade que o cérebro para de se desenvolver aos 25 anos de idade?

Para entender o cérebro humano, os pesquisadores investigam como se formam as conexões neurais e até que idade elas se desenvolvem.

Ao longo do tempo, várias descobertas científicas sugeriram que o cérebro se desenvolve continuamente desde antes de nascer até a fase adulta. Primeiro, surgem as ligações e as capacidades neurais mais básicas, depois as mais complexas.

Assim, nos primeiros anos de vida de um indivíduo, o cérebro cria mais de um milhão de novas conexões neurais por segundo. Mas é verdade que ele para de amadurecer aos 25 anos de idade? Continue lendo e entenda abaixo.

O que acontece com o cérebro quando completamos 25 anos?

Muitas pessoas acreditam que aos 25 anos algo especial acontece com o cérebro, mas essa ideia é mais um mito do que uma conclusão científica.

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Embora algumas pesquisas indiquem que certas partes do órgão, como o córtex pré-frontal, continuem a se desenvolver até essa idade, não há um consenso sobre uma idade específica em que o cérebro atinja sua maturidade total.

A neurociência define a maturidade do órgão como o ponto em que as mudanças estruturais param de ocorrer. Para algumas pessoas, isso pode acontecer por volta dos 25 anos, mas não é uma regra absoluta.

Este processo varia muito de pessoa para pessoa, assim como outras características físicas e comportamentais, conforme ressaltado em outras investigações científicas.

Além disso, outras áreas do cérebro, fora o córtex pré-frontal, também continuam a se desenvolver ao longo da vida.

O cérebro para de se desenvolver em algum momento?

Uma pesquisa do UMC Utrecht revela que o cérebro não para de se desenvolver aos 25 anos. O estudo recente, publicado na Nature Neuroscience, mostra que o córtex pré-frontal, uma das últimas áreas cerebrais a amadurecer, continua a mudar até os 30 ou 40 anos.

Os responsáveis pela pesquisa foram o tecnólogo clínico Dorien van Blooijs, o neurologista Frans Leijten e seus colegas do UMC Utrecht e da Clínica Mayo.

Eles investigaram a velocidade de processamento do órgão e como ela muda à medida que envelhecemos.

Entre as descobertas, está o fato de que as conexões neurais tendem a acelerar, chegando a dobrar de dois para quatro metros por segundo, entre crianças de quatro anos e adultos de trinta a quarenta anos. A partir dessa idade, a velocidade começa a cair.

"O desenvolvimento do nosso cérebro vai muito além do que pensávamos. Já sabíamos disso em pesquisas anteriores, mas agora temos dados concretos. Esse movimento não é uma linha reta, mas uma curva", afirma Van Blooijs.

Os lados do cérebro se desenvolvem no mesmo ritmo?

Os pesquisadores identificaram ainda que diferentes partes do cérebro amadurecem em ritmos distintos.

Enquanto o lobo frontal, responsável pelo pensamento e execução de tarefas, tem um período de desenvolvimento mais longo, outras áreas, como aquelas relacionadas ao movimento, amadurecem mais rapidamente.

Eles coletaram dados usando uma grade de eletrodos implantada no cérebro de pacientes com epilepsia antes da cirurgia.

Esses eletrodos registram a atividade neural e podem ser usados para mapear quais áreas devem ser removidas durante o procedimento cirúrgico.

Surpreendentemente, esses dados também esclareceram outros aspectos sobre o funcionamento saudável do cérebro humano.

Ao estimular os eletrodos, os pesquisadores observaram que a atividade em uma determinada área poderia desencadear uma resposta em outra parte, indicando conexões entre elas.

Os autores do estudo também conseguiram medir a rapidez com que os sinais são transmitidos entre essas regiões, algo fundamental para entender o funcionamento do sistema nervoso central.

Essas descobertas são importantes porque ajudam os cientistas a criar modelos mais precisos deste órgão, o que pode levar a avanços significativos no tratamento de distúrbios neurológicos e no fornecimento de terapias mais eficientes.