Condições extremas e alterações bruscas no clima produzem diversos efeitos nas pessoas, tanto no corpo quanto na mente.
Especificamente, o cérebro responde de forma única em dias frios. No entanto, as baixas temperaturas podem não ser tão benéficas para a concentração, conforme indicam alguns estudos. Continue lendo e entenda a seguir.
A concentração melhora em dias frios?
Uma meta-análise publicada pela National Library of Medicine revelou que o ar frio pode ter efeitos negativos no cérebro, mesmo em indivíduos saudáveis.
O trabalho, que revisou pesquisas anteriores, constatou que a exposição imediata ao frio pode comprometer a função cognitiva, conforme observado em 15 de 18 estudos analisados.
Os aspectos cognitivos mais impactados incluem a atenção e a velocidade de processamento, a função executiva (que engloba os processos mentais necessários para planejamento, concentração e execução de tarefas simultâneas) e a memória.
Os pesquisadores também notaram que os efeitos da exposição ao frio, como a névoa mental, podem persistir mesmo após o período de exposição e durante o processo de reaquecimento.
A revisão destaca uma conexão essencial entre o ambiente em que vivemos e nossa capacidade intelectual.
As consequências são especialmente relevantes com a chegada dos meses de inverno, quando muitos podem inadvertidamente sofrer um declínio na clareza mental devido ao frio.
A habilidade do cérebro de se ajustar a diferentes temperaturas é um testemunho da nossa adaptabilidade, mas também ressalta a importância de ações preventivas.
Diante disso, os autores ressaltam que ao nos mantermos atualizados sobre as mudanças climáticas, vestindo roupas apropriadas e promovendo um estilo de vida saudável, podemos proteger nossas funções cognitivas do rigor do inverno.
Estudos similares
Em outra pesquisa que examinou o impacto do frio no funcionamento mental, os autores submeteram indivíduos a diferentes níveis de frio, tanto em ambientes aéreos quanto aquáticos.
Os resultados indicam que a exposição ao frio pode levar a um aumento de erros e a uma desaceleração nas respostas durante testes que medem raciocínio, memória, inteligência e atenção.
Isso pode resultar em um desempenho reduzido em atividades cognitivas de alta complexidade, embora a execução de tarefas mais simples não seja afetada.
E como o calor afeta o cérebro?
Com as crescentes ondas de calor, também há um grande interesse em entender como as altas temperaturas podem afetar o desempenho do cérebro.
Nesse sentido, pesquisadores em Boston observaram jovens em dormitórios universitários durante uma onda de calor.
Alguns residiam em quartos com ar condicionado a 71 graus Fahrenheit (aproximadamente 21,7 °C), enquanto outros em ambientes sem ar condicionado com temperaturas em torno de 80 graus Fahrenheit (cerca de 26,7 °C).
Por quase duas semanas, os estudantes realizaram testes matinais em seus celulares. Aqueles em ambientes mais quentes apresentaram pior desempenho.
Os testes consistiam em exercícios de matemática simples e no teste Stroop, que avalia a capacidade de dizer a cor de uma palavra escrita em uma cor diferente.
Os cientistas concluíram que o calor parece reduzir a atenção e o tempo de reação, com diminuições de cerca de 10% na precisão e velocidade de resposta.
A interrupção do sono devido ao calor pode explicar parte desse efeito, pois prejudica o foco e a reatividade.
Outro estudo de 2021 relatou declínio cognitivo em temperaturas de 79 graus Fahrenheit (aproximadamente 26,1 °C), com redução da atividade do sistema nervoso parassimpático e menores níveis de oxigênio no sangue em altas temperaturas, impactando negativamente a cognição.
Pesquisas adicionais indicam que o calor afeta a produtividade no trabalho e o desempenho em testes padronizados.
Adicionalmente, o clima quente também pode influenciar o humor, elevando o cortisol e induzindo estresse.