É por esse motivo que você odeia o som da própria voz, conforme a ciência

Estamos tão acostumados a ouvir nossa voz de uma maneira que, quando a escutamos em uma gravação, parece faltar algo ou revelar detalhes que nunca percebemos.

Se você já se pegou ouvindo uma gravação sua e pensou: “Por que minha voz é tão horrível?”, saiba que não está sozinho. Muitas pessoas se sentem desconfortáveis ao escutar o som da própria voz, e a ciência tem uma explicação para isso.

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Na verdade, esse incômodo que sentimos provavelmente resulta de uma combinação de fatores fisiológicos e psicológicos, que você entenderá neste artigo.

Por que odiamos a nossa própria voz?

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Por que não gostamos de ouvir nossa voz

Diferentes estudos explicam porque odiamos o som da nossa própria voz, com base em aspectos da biologia e psicologia. Foto: Reprodução / Pexels

Razões fisiológicas

Quando ouvimos nossa voz em uma gravação, o som chega até nós por meio da condução aérea, onde as ondas sonoras vibram nossos tímpanos e são processadas pelo cérebro.

Porém, isso contrasta com a forma como estamos acostumados a nos ouvir. Desde que começamos a falar, ouvimos nossa voz principalmente por meio da condução óssea, onde o som das cordas vocais é transmitido pelos ossos do crânio até o ouvido interno.

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Esse processo adiciona tons mais graves e ressonantes à nossa voz, criando uma percepção única que só nós experimentamos. Ao ouvir uma gravação, perdemos esse elemento interno da condução óssea, e a voz soa mais aguda e estranha do que esperamos.

Isso acontece porque os ossos do crânio amplificam frequências mais baixas, fazendo com que nossa voz pareça mais profunda para nós do que para os outros.

Além disso, quando falamos, nosso córtex auditivo reduz sua atividade, o que significa que não processamos os detalhes da nossa voz com a mesma atenção que damos aos sons externos.

Razões psicológicas

Um estudo conduzido pelos psicólogos Phil Holzman e Clyde Rousey sugeriu outra razão pela qual não gostamos do som da nossa própria voz, algo chamado de “confronto vocal”.

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Basicamente, ao ouvir nossa voz em uma gravação, somos confrontados com uma versão de nós mesmos que não estamos acostumados a perceber, o que pode gerar estranheza ou até rejeição.

Essa experiência funciona como um espelho sonoro, revelando aspectos da nossa fala que passam despercebidos no dia a dia, como hesitações, tom de voz ou até padrões de entonação.

Quando falamos, estamos focados no conteúdo da mensagem e não nos detalhes da nossa voz, que é filtrada pela condução óssea e parece mais familiar e confortável.

A gravação, porém, remove esse filtro interno, expondo nuances que podem parecer estranhas ou até inadequadas, causando um choque entre a autoimagem que construímos e a realidade externa.

Contudo, essa experiência também pode ser uma oportunidade para reflexão e crescimento, ajudando-nos a entender melhor como somos percebidos pelos outros e, eventualmente, a aceitar ou ajustar aspectos da nossa comunicação que antes passavam despercebidos.

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Som da nossa voz desencadeia julgamentos

Pesquisas mais recentes também apontam que o som da nossa voz pode levar as pessoas a fazerem julgamentos rápidos sobre características como inteligência, confiabilidade, gentileza e autoridade.

Essas primeiras impressões, muitas vezes formadas em segundos, podem influenciar como nos relacionamos com os outros e como somos tratados em diferentes situações, seja no trabalho ou na vida pessoal.

Um estudo publicado na “PLOS ONE” revelou que esses julgamentos são consistentes, independentemente do que está sendo dito ou do tempo de exposição à voz.

Ou seja, mesmo ouvindo apenas uma palavra ou uma frase, as pessoas tendem a avaliar traços de personalidade de forma semelhante, focando em três aspectos principais: confiabilidade, dominância e atratividade.

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Isso sugere que nossa voz tem um papel importante na forma como somos percebidos, podendo até influenciar decisões sobre aproximação ou afastamento em interações sociais.

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