É assim que o trabalho afeta seu coração, segundo um estudo de Harvard

Especialistas indicam que certas mudanças no ambiente de trabalho ajudam a reduzir os riscos de doenças cardíacas, e podem até rejuvenescer a saúde do coração.

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O ambiente de trabalho influencia na saúde do coração? A resposta está num estudo conduzido pela Escola de Saúde Pública Harvard TH Chan em colaboração com a Universidade Estadual da Pensilvânia.

A pesquisa oferece uma análise detalhada sobre como as atividades profissionais impactam diretamente a saúde cardiovascular.

Como o trabalho afeta a saúde do coração?

A pesquisadora principal, Lisa Berkman, professora na Harvard Chan School e diretora do Centro de Estudos Populacionais de Harvard, destacou a importância das condições de trabalho como fatores determinantes da saúde social.

Seu estudo revelou que programas de bem-estar, voltados para a redução do conflito entre o âmbito pessoal e o profissional, diminuem efetivamente os riscos de doenças cardiovasculares, especialmente entre trabalhadores mais velhos com maior predisposição cardiometabólica.

Os resultados, publicados no The Harvard Gazette, mostram que tais iniciativas não comprometem a produtividade, fortalecendo a justificativa para que as empresas implementem essas medidas.

A chave está na flexibilidade

Berkman enfatiza que a redução do estresse nas empresas e do conflito trabalho-família não apenas beneficia a saúde cardiovascular dos funcionários em situação de risco, mas também preserva a eficiência laboral.

Quanto à natureza desses programas de equilíbrio, eles envolveram a capacitação de supervisores para apoiar a vida pessoal dos funcionários e aperfeiçoar sua entrega no trabalho.

Além disso, sessões conjuntas entre líderes e colaboradores concentraram-se em desenvolver estratégias que permitissem aos funcionários maior controle sobre seus horários e tarefas, promovendo, assim, um ambiente mais acolhedor e flexível.

Coração até 10 anos mais jovem

Neste experimento, as mudanças ocorreram nos centros de trabalho de uma empresa de Tecnologia de Informação e de outra empresa de cuidados continuados (para pessoas com doenças crônicas ou deficiência).

Foi alcançada uma amostra de 1.528 colaboradores. No início e após 12 meses, foram coletados dados de pressão arterial, índice de massa corporal, nível de hemoglobina glicada, hábitos tabágicos, colesterol HDL e colesterol total dos colaboradores.

Estes resultados forneceram aos investigadores a base para medir uma pontuação de risco cardiometabólico para cada trabalhador, com pontuações mais elevadas revelando um risco estimado mais alto de doenças cardiovasculares futuras.

Em particular, os funcionários de TI e de cuidados viram uma diminuição no risco cardíaco, equivalente a parecerem 5,5 e 10,3 anos mais jovens, respectivamente.

Além disso, a idade foi um fator importante: os funcionários mais velhos (acima de 45 anos) com alto risco no início do estudo sofreram mais reduções em comparação com os funcionários mais jovens.

"A intervenção teve como alvo a cultura do local de trabalho, com o objetivo de reduzir o conflito entre vida profissional e pessoal, melhorando assim a saúde", afirma o co-autor Orfeu Buxton, professor de saúde biocomportamental e diretor do Biobehavioral Health Collaboratory. “Os resultados mostram benefícios potenciais para a saúde dos funcionários e devem ser aplicados de forma mais ampla”.

O estudo de Harvard e Penn State também está alinhado com um relatório da Clinical Orthopaedics and Related Research 2022, que confirma que os acordos laborais flexíveis tiveram um impacto positivo na satisfação e no envolvimento no trabalho.