Desde a antiguidade, as notas musicais recebem nomes específicos para facilitar o aprendizado e a prática musical. Em vários lugares da Europa e em muitas nações da América Latina, como o Brasil, elas são identificadas pelos nomes solfejo: dó, ré, mi, fá, sol, lá e si.
Porém, em países de língua inglesa, as notas são representadas com as primeiras letras do alfabeto. Essa diversidade na nomenclatura pode ser atribuída a diferentes tradições culturais e evoluções históricas.
Quais letras do alfabeto representam as notas musicais?
Em inglês, as notas musicais são representadas pelas sete primeiras letras do alfabeto. A correspondência é a seguinte: A é LÁ, B é SI, C é DÓ, D é RÉ, E é MI, F é FÁ e G é SOL. Já, em alemão, uma variação é utilizada onde “H” representa o “G” ou “SOL”.
O uso das letras do alfabeto para dar nomes às notas musicais teve origem por volta do ano 500, graças ao romano Boécio, que introduziu um sistema simples e eficaz de classificação.
Ele começou com a letra “A” para a nota mais baixa e seguiu a ordem alfabética para as notas subsequentes.
Embora inicialmente eficiente, com o tempo e a expansão da quantidade de notas devido à invenção de novos instrumentos, o sistema de Boécio precisou de ajustes. Hoje, a simplificação para uma escala de sete notas, que se repete a cada oitava, facilita o ensino e a prática musical.
Além disso, sistemas de nomenclatura, como a Notação Científica de Altura (Scientific Pitch Notation), foram desenvolvidos para identificar notas não só pelo nome, mas também pela oitava em que estão inseridas.
Como surgiram as notas musicais?
A história das notas musicais começa com Guido de Arezzo ou Guido D’Arezzo, um monge beneditino e teórico musical do século XI, frequentemente aclamado como o “pai da música ocidental”.
Em seu tratado “Micrologus”, Guido revolucionou a notação musical ao introduzir o tetragrama, um sistema de quatro linhas de cores diferentes, cada uma representando uma nota específica.
Essa inovação facilitou o aprendizado e a prática musical, marcando o fim da notação pneumática gregoriana que dominava a época. A notação pneumática gregoriana, utilizada antes de Guido, baseava-se em modulações de voz chamadas neumas.
Contudo, esse sistema tinha suas limitações, uma vez que não incluía indicações de tempo ou ritmo, tornando difícil a reprodução precisa das melodias se elas não tivessem sido previamente ouvidas.
Guido percebeu a dificuldade que os monges enfrentavam para memorizar os cantos gregorianos e buscou uma solução prática para esse problema.
Com efeito, ele estabeleceu uma série de seis notas, conhecidas como hexacordum naturale, com intervalos fixos entre elas, utilizando o tetragrama para dar um som distinto a cada nota.
Ele também desenvolveu um sistema mnemônico chamado mão guidoniana, que auxiliava os cantores a lembrar das notas.
Para batizar as notas, Guido se inspirou nas sílabas iniciais das estrofes de um hino às vésperas de São João Batista, criando as denominações ut, ré, mi, fá, sol e lá:
Ut queant laxis,
Resonare fibbris,
Mira gestorum,
Fámuli tuorum,
Solve polluti,
Labii reatum,
Sancte Iohannes.
A nota “ut” foi eventualmente substituída por “dó” na maioria dos países, exceto na Alemanha e no canto gregoriano, onde “ut” ainda é usado. A sétima nota, “si”, foi formada a partir das iniciais de “Sancte Iohannes”.
O sistema de Guido tornou a notação musical mais acessível e precisa, bem como lançou as bases para a notação moderna, permitindo uma melhor comunicação musical e a preservação de composições através dos séculos.