Bebidas alcoólicas, quando ingeridas em excesso, podem causar déficits cognitivos, comprometendo o armazenamento e a recuperação de informações, enquanto o consumo severo, como o alcoolismo, pode resultar em danos cerebrais. Mas a boa notícia é que deixar de beber durante um tempo pode aumentar a cognição em poucos dias. É o que revela um estudo realizado por cientistas franceses.
De acordo com a pesquisa, se um indivíduo deixar de ingerir álcool por apenas 18 dias, ele consegue reduzir o impacto da bebida alcoólica sobre a sua cognição e, por consequência, sobre a perda de memória e de atenção, efeitos frequentemente associados ao alcoolismo.
O estudo foi liderado por pesquisadores da Universidade da Picardia Jules Verne, na França. Ele foi publicado na revista científica Alcohol and Alcoholism.
Como a pesquisa foi realizada?
Para realizar a pesquisa, os cientistas franceses selecionaram 32 voluntários com transtorno do uso de álcool (TAU) grave. Desse total, 24 eram homens. Também foram recrutados 32 indivíduos que não eram dependentes de álcool, que fizeram parte do chamado grupo de controle. Todos os 64 participantes ficaram sóbrios e passaram por testes psicológicos no oitavo e no 18º dia sem bebida alcóolica.
Vale destacar que os voluntários com transtorno do uso de álcool (TAU) grave conseguiram ficar sem ingerir álcool durante os dias da pesquisa, graças a um programa de desintoxicação e tratamento oral com tiamina.
No oitavo dia, ficou constatado que 60% dos pacientes com TAU grave ainda sofriam com problemas cognitivos relacionados ao consumo anterior de álcool. Todavia, melhorias foram sendo identificadas, de forma progressiva, conforme o tempo sem ingerir bebida alcóolica aumentava.
No 18º dia, os pesquisadores verificaram que 63% dos voluntários com TAU grave já apresentavam níveis cognitivos normais, tal como os indivíduos do grupo de controle.
Apesar dos resultados positivos, é bom ressaltar que o estudo apresenta algumas limitações, como o tamanho da amostra, que é considerado pequeno. Outro exemplo é que os fatores cofundadores não foram contabilizados na pesquisa, como outras substâncias que também afetam a cognição, sendo uma delas a nicotina.
A melhora da cognição em indivíduos com transtorno do uso de álcool (TAU) grave em apenas 18 dias foi a mais rápida descoberta feita em um estudo até o momento. É possível que os déficits cognitivos sejam reduzidos em um tempo ainda mais curto, mas, para ter certeza, é preciso que outras pesquisas sejam realizadas.
O que é Transtorno do uso de álcool (TAU)?
O Transtorno do uso de álcool (TAU) é considerado um distúrbio do cérebro, no qual a pessoa afetada apresenta capacidade comprometida de parar ou controlar o uso de bebidas alcoólicas, mesmo que isso traga consequências sociais, ocupacionais ou até mesmo de saúde adversas. O TAU é classificado em três níveis: leve, moderado ou grave.
O Transtorno do uso de álcool (TAU) é conhecido também como dependência de álcool, vício em álcool, abuso de álcool e, o mais popular, alcoolismo.
Quais os fatores de risco do TAU?
O Transtorno do uso de álcool (TAU) apresenta um conjunto de fatores de risco. Confira, a seguir, alguns desses fatores.
- Começar a ingerir álcool precocemente;
- Genética;
- Histórico familiar de problemas com álcool;
- Problemas de saúde mental;
- Histórico de trauma, como na infância.
Consequência do uso abusivo de álcool
O uso de álcool pode causar sérias consequências ao indivíduos. Para se ter uma ideia, o consumo de bebida alcoólica pode ocasionar mais de 200 doenças e lesões, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A ingestão do álcool pode desenvolver distúrbios mentais e comportamentais, como a própria dependência do álcool, além de doenças cardiovasculares, cirrose hepática e até alguns tipos de câncer. Em relação às lesões, elas estão associadas à violência e acidentes de trânsito.
Importa dizer que dúvidas relacionadas ao Transtorno do uso de álcool (TAU), bem como ao uso de álcool, devem ser sanadas com um especialista. O conteúdo deste texto é meramente informativo.